São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Região de palafitas vai ser extinta na zona leste

Córrego do Oratório vai ser canalizado em programa de combate a enchente

O projeto do Oratório, previsto para o período 2010-2012, será feito aos poucos, e famílias cadastradas serão retiradas

DA REPORTAGEM LOCAL

O último grande núcleo de palafitas de São Paulo, no córrego do Oratório (zona leste), vai desaparecer. O motivo é uma ação do governo, que planeja canalizar três córregos na região metropolitana em programa de combate a enchentes.
Nos três projetos, devem ser afetadas cerca de 1.500 famílias, número que ainda depende de estudos e de negociações para avaliar qual é a necessidade de desocupar as áreas.
No Oratório, estão as favelas da Vila Elba e da Fazenda da Juta, conhecidas pelos conflitos por terrenos e pela violência. São cerca de 8 km de córrego. Nas áreas próximas, habitam cerca de 2.000 famílias, mas só 500 devem ser afetadas por desocupações. O número final ainda depende de estudos.
As outras obras -somados, os três projetos chegam a quase R$ 150 milhões-, serão executadas no córrego Pirajuçara (zona oeste) e no ribeirão Vermelho (zona norte). As obras fazem parte do Plano Diretor de Macrodrenagem, conjunto de intervenções planejado a partir dos anos 1990 para tentar corrigir os defeitos de ocupação de terras que tornaram São Paulo refém de enchentes.
Na visão do governo, embora as inundações persistam, a marginal Tietê, hoje raramente paralisada por enchentes, é uma mostra de que o plano foi eficaz, a ponto de sofrer uma revisão, para ser prolongado, o que ocorrerá neste ano.

Retirada inevitável
A proposta mais premente é na região do córrego do Oratório, uma divisa natural entre municípios da Grande SP. É um afluente do rio Tamanduateí. Segundo o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), será necessário remover centenas de famílias, mas os locais já consolidados, com ruas e redes de água, energia e esgoto, serão mantidos, caso possível.
O órgão do governo paulista já iniciou o cadastramento social no Oratório -pelo levantamento, é possível saber de onde vieram, como vivem e o que pretendem as famílias instaladas ao longo do córrego.
Em parte da região, como na área conhecida como Barbeiro de Sevilha, ainda persistem as palafitas -nelas, não é possível instalar rede de serviços públicos, e a retirada é inevitável.
O superintendente do DAEE, Ubirajara Tannuri Felix, diz que o governo vem mantendo contato com as comunidades envolvidas para tentar explicar a premência das obras.
O projeto do Oratório, previsto para o período 2010-2012, será feito aos poucos.
José Luiz Braga, que atua no movimento por moradias na zona leste, afirma que ainda faltam muitas definições e mais informações às famílias. "Já tiraram umas famílias de áreas de risco, mas não sabemos como ficará o restante", diz.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT), de oposição ao governador José Serra (PSDB), é um crítico do modelo de realocação de famílias. "Chegam de um dia para o outro e fazem terrorismo com as famílias", diz. (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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