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Região de palafitas vai ser extinta na zona leste
Córrego do Oratório vai ser canalizado em programa de combate a enchente
O projeto do Oratório, previsto para o período 2010-2012, será feito
aos poucos, e famílias cadastradas serão retiradas
DA REPORTAGEM LOCAL
O último grande núcleo de
palafitas de São Paulo, no córrego do Oratório (zona leste),
vai desaparecer. O motivo é
uma ação do governo, que planeja canalizar três córregos na
região metropolitana em programa de combate a enchentes.
Nos três projetos, devem ser
afetadas cerca de 1.500 famílias, número que ainda depende de estudos e de negociações
para avaliar qual é a necessidade de desocupar as áreas.
No Oratório, estão as favelas
da Vila Elba e da Fazenda da
Juta, conhecidas pelos conflitos por terrenos e pela violência. São cerca de 8 km de córrego. Nas áreas próximas, habitam cerca de 2.000 famílias,
mas só 500 devem ser afetadas
por desocupações. O número
final ainda depende de estudos.
As outras obras -somados,
os três projetos chegam a quase
R$ 150 milhões-, serão executadas no córrego Pirajuçara
(zona oeste) e no ribeirão Vermelho (zona norte). As obras
fazem parte do Plano Diretor
de Macrodrenagem, conjunto
de intervenções planejado a
partir dos anos 1990 para tentar corrigir os defeitos de ocupação de terras que tornaram
São Paulo refém de enchentes.
Na visão do governo, embora
as inundações persistam, a
marginal Tietê, hoje raramente
paralisada por enchentes, é
uma mostra de que o plano foi
eficaz, a ponto de sofrer uma
revisão, para ser prolongado, o
que ocorrerá neste ano.
Retirada inevitável
A proposta mais premente é
na região do córrego do Oratório, uma divisa natural entre
municípios da Grande SP. É um
afluente do rio Tamanduateí.
Segundo o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), será necessário remover
centenas de famílias, mas os locais já consolidados, com ruas e
redes de água, energia e esgoto,
serão mantidos, caso possível.
O órgão do governo paulista
já iniciou o cadastramento social no Oratório -pelo levantamento, é possível saber de onde
vieram, como vivem e o que
pretendem as famílias instaladas ao longo do córrego.
Em parte da região, como na
área conhecida como Barbeiro
de Sevilha, ainda persistem as
palafitas -nelas, não é possível
instalar rede de serviços públicos, e a retirada é inevitável.
O superintendente do DAEE,
Ubirajara Tannuri Felix, diz
que o governo vem mantendo
contato com as comunidades
envolvidas para tentar explicar
a premência das obras.
O projeto do Oratório, previsto para o período 2010-2012,
será feito aos poucos.
José Luiz Braga, que atua no
movimento por moradias na
zona leste, afirma que ainda faltam muitas definições e mais
informações às famílias. "Já tiraram umas famílias de áreas
de risco, mas não sabemos como ficará o restante", diz.
O deputado estadual Adriano
Diogo (PT), de oposição ao governador José Serra (PSDB), é
um crítico do modelo de realocação de famílias. "Chegam de
um dia para o outro e fazem terrorismo com as famílias", diz.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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