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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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TRÂNSITO

Essa é a média diária registrada pelos 40 radares fixos da cidade; só em maio, 2.638 veículos foram autuados

A cada 17 minutos, um é multado a 140km/h

DA REPORTAGEM LOCAL

A cada 17 minutos, um veículo acima de 140 km/h é flagrado por um dos 40 radares fixos espalhados por São Paulo. Essa velocidade não é permitida nem mesmo em rodovias. Mas chega a ser detectada em avenidas da capital paulista como a Giovani Gronchi (zona sul), a Brigadeiro Faria Lima (zona oeste) e a Braz Leme (zona norte), com limites permitidos que não passam de 60 km/h.
Somente em maio deste ano, os radares fixos flagraram 2.638 veículos nessa situação. Esses motoristas já têm até um apelido entre os técnicos da CET: "voadores". Se baterem, a possibilidade de sobrevivência é praticamente nula -mesmo que estejam em um automóvel importado, com airbag e cinto de segurança.
José Montal, vice-presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), diz que a chance de permanecer vivo em uma batida é grande em velocidades de até 80 km/h. Tudo depende, porém, do tipo de colisão.
Quando um carro bate de frente com outro, por exemplo, as velocidades deles acabam potencializadas. Nas batidas que costumam acontecer nos semáforos, a gravidade tende a aumentar por causa das características dos automóveis. "Os veículos são projetados para suportar impactos frontais e traseiros. Nas laterais, os efeitos são mais perversos", afirma Maurício Régio, da assessoria de segurança de trânsito da CET.
Nos casos de atropelamento, 15% dos pedestres costumam morrer quando a velocidade do veículo é de 40 km/h. A 60 km/h, esse índice já sobe para 70%. Os dados fazem parte de um estudo inglês divulgado pela companhia.
Por esses motivos é que a rapidez dos veículos se tornou a principal responsável pelas mortes no trânsito no país -e sua fiscalização eletrônica é tida como um dos principais fatores para a redução de mais de 33% das vítimas em São Paulo nos últimos seis anos.
O sono, a embriaguez ou a falta de atenção estão presentes na maioria dos acidentes -mas geralmente aliados à velocidade exagerada. Uma pesquisa do ex-presidente da CET Roberto Scaringella, concluída em 2002, apontava que os fatores humanos estão presentes em 100% dos acidentes de trânsito -embora em 56% dos casos estejam aliados a outras interferências, como os problemas da via e do ambiente (37%) e dos veículos (27%).
José Montal diz que os jovens são os maiores potenciais "voadores". "O acelerador é a coragem do covarde", afirma ele, repetindo uma frase usada por mães belgas na educação dos filhos.
(ALENCAR IZIDORO)


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