São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Salários podem ter novo atraso, diz Incor

Repasse de R$ 20 milhões pelo Ministério da Saúde não deve sair hoje

A Fundação Zerbini, que administra o instituto, demitiu na sexta 50% do quadro administrativo e já pensa em um "plano B"

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em situação financeira cada vez mais difícil, a Fundação Zerbini ameaçou ontem não complementar o próximo salário nem parte do 13º dos mais de 3.000 funcionários do Incor de São Paulo -hospital público referência na área de cardiologia que a entidade administra desde 1978.
A fundação responde pela complementação de 60% até a totalidade dos salários dos funcionários do instituto e já atrasou os pagamentos neste mês. Há dois meses também não honra encargos trabalhistas.
Segundo o diretor executivo do Incor, David Uip, há demora nas respostas dos governos estadual e federal. "Estamos sentindo que precisa andar", disse após entrevista coletiva em que fez um apelo às autoridades.
Uma reunião sobre a crise da fundação, que deve R$ 245 milhões e caminha para a insolvência, ocorrerá hoje entre o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ao lado do titular da Saúde, Agenor Álvares, Mantega havia recebido ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para solucionar a crise até a última terça-feira. Ontem, Álvares já anunciava que o caso não será equacionado hoje por suposta letargia da fundação.
Durante cerimônia em Brasília, o ministro voltou a afirmar, pelo segundo dia consecutivo, não ter recebido qualquer projeto para auxílio à fundação, o que inviabiliza a disponibilização até a semana que vem de R$ 20 milhões. A fundação disse que o projeto já está cadastrado no sistema do ministério.
Segundo informou o ministro, uma equipe da pasta ficou de plantão desde a noite da última terça-feira sem que nada fosse entregue. "Amanhã [hoje] o caso dos R$ 20 milhões não estará solucionado. Não chegou nada para o ministério. E quando chegar a proposta, ela terá que ser equacionada técnica e cartorialmente. Se alguma certidão estiver negativada, o processo não vai adiante."
A entidade também informou ontem estar negociando R$ 120 milhões junto ao BNDES para o refinanciamento das dívidas.
De acordo com Uip, uma consultoria já está pensando em um "plano B" se não houver acordo com os governos hoje. E medidas de economia já vêm sendo tomadas.
A Zerbini informou ter demitido, na última sexta-feira, 50% de seus 68 funcionários administrativos. Mas nega que isso prejudique o atendimento.


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