São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Baleia é achada viva, encalhada em areia do rio Tapajós, no PA

Animal, que vive no mar, foi encontrado no Pará, a mil quilômetros do Atlântico; sobrevivência é pouco provável

Razão de desvio não é conhecida; baleia pode estar há dois meses em rio, tempo em que ribeirinhos dizem ter visto uma "cobra grande"

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Ribeirinhos de uma comunidade extrativista de Belterra, no Pará, encontraram, na terça-feira, uma baleia viva encalhada em um banco de areia no rio Tapajós, região central da Amazônia. O animal está a cerca de mil quilômetros de distância do oceano Atlântico.
A suspeita é a de que a baleia tenha se perdido de sua rota e entrado no estuário do rio Amazonas pela ilha de Marajó. O rio Tapajós é um afluente do rio Amazonas.
O achado foi comunicado via rádio para o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Santarém (PA), que solicitou apoio ao IBJ (Instituto Baleia Jubarte). Com sede em Caravelas (BA), desde 1994 o instituto tem experiência em desencalhes de cetáceos.
"Uma baleia na Amazônia é muito atípico", disse Kátia Groch, médica-veterinária do IBJ. "Ela pode ter se desorientado de sua rota, talvez devido a uma doença. Só teremos certeza examinando-a."
O biólogo Daniel Cohenca, gerente-executivo do Ibama de Santarém, disse que a baleia é provavelmente da espécie minke (Balaenoptera acutorostrata) e tem cerca de cinco metros de comprimento. Está encalhada perto da comunidade de Piquiatuba, que fica dentro da Floresta Nacional do Tapajós.
A imagem de uma baleia na floresta amazônica causou surpresas aos ribeirinhos. "Tem gente que não acredita como um animal desse sobreviveu na água doce", disse Cohenca.
Ele afirmou que é possível que a baleia esteja há mais de dois meses no rio Tapajós, que tem águas profundas e transparentes. Ribeirinhos estavam comentando que uma "cobra grande" havia sido vista no rio. Crianças chegaram a ser orientadas a não nadar na região.
Daniel Cohenca disse que ontem equipes de biólogos do Ibama já se deslocaram de carro e barco para a comunidade do Piquiatuba -Belterra fica a 150 km de Santarém- para interditar a área na qual foi encontrada a baleia. A equipe aguarda a chegada do médico-veterinário Nilton Marcondes, do IBJ, para iniciar o resgate do animal e devolvê-lo ao mar.
Groch afirmou que a probabilidade de a baleia sobreviver é pequena. A alta temperatura da água pode ressecar a pele do animal. "Ela está fora do seu habitat normal, numa condição atípica, estressada, muito longe do oceano. A probabilidade de sobreviver é baixa."
A comunidade do Piquiatuba, de 74 famílias, tenta amenizar o ressecamento da pele da baleia jogando água nela.
Todo ano, equipes do IBJ percorrem uma área de aproximadamente 600 km entre o município de Regência, no norte do Espírito Santo, e Nova Cabrália, no extremo sul baiano, procurando obter informações sobre encalhes e morte acidental ou intencional de cetáceos. Neste ano, as equipes encontraram 15 baleias encalhadas. Nenhuma sobreviveu.


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