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Baleia é achada viva, encalhada em areia do rio Tapajós, no PA
Animal, que vive no mar, foi encontrado no Pará, a mil quilômetros do Atlântico; sobrevivência é pouco provável
Razão de desvio não é conhecida; baleia pode estar há dois meses em rio, tempo em que ribeirinhos dizem ter visto uma "cobra grande"
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Ribeirinhos de uma comunidade extrativista de Belterra,
no Pará, encontraram, na terça-feira, uma baleia viva encalhada em um banco de areia no
rio Tapajós, região central da
Amazônia. O animal está a cerca de mil quilômetros de distância do oceano Atlântico.
A suspeita é a de que a baleia
tenha se perdido de sua rota e
entrado no estuário do rio
Amazonas pela ilha de Marajó.
O rio Tapajós é um afluente do
rio Amazonas.
O achado foi comunicado via
rádio para o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) de Santarém (PA), que solicitou apoio ao IBJ (Instituto
Baleia Jubarte). Com sede em
Caravelas (BA), desde 1994 o
instituto tem experiência em
desencalhes de cetáceos.
"Uma baleia na Amazônia é
muito atípico", disse Kátia
Groch, médica-veterinária do
IBJ. "Ela pode ter se desorientado de sua rota, talvez devido a
uma doença. Só teremos certeza examinando-a."
O biólogo Daniel Cohenca,
gerente-executivo do Ibama de
Santarém, disse que a baleia é
provavelmente da espécie minke (Balaenoptera acutorostrata) e tem cerca de cinco metros
de comprimento. Está encalhada perto da comunidade de Piquiatuba, que fica dentro da
Floresta Nacional do Tapajós.
A imagem de uma baleia na
floresta amazônica causou surpresas aos ribeirinhos. "Tem
gente que não acredita como
um animal desse sobreviveu na
água doce", disse Cohenca.
Ele afirmou que é possível
que a baleia esteja há mais de
dois meses no rio Tapajós, que
tem águas profundas e transparentes. Ribeirinhos estavam
comentando que uma "cobra
grande" havia sido vista no rio.
Crianças chegaram a ser orientadas a não nadar na região.
Daniel Cohenca disse que
ontem equipes de biólogos do
Ibama já se deslocaram de carro e barco para a comunidade
do Piquiatuba -Belterra fica a
150 km de Santarém- para interditar a área na qual foi encontrada a baleia. A equipe
aguarda a chegada do médico-veterinário Nilton Marcondes,
do IBJ, para iniciar o resgate do
animal e devolvê-lo ao mar.
Groch afirmou que a probabilidade de a baleia sobreviver é
pequena. A alta temperatura da
água pode ressecar a pele do
animal. "Ela está fora do seu
habitat normal, numa condição
atípica, estressada, muito longe
do oceano. A probabilidade de
sobreviver é baixa."
A comunidade do Piquiatuba, de 74 famílias, tenta amenizar o ressecamento da pele da
baleia jogando água nela.
Todo ano, equipes do IBJ
percorrem uma área de aproximadamente 600 km entre o
município de Regência, no norte do Espírito Santo, e Nova Cabrália, no extremo sul baiano,
procurando obter informações
sobre encalhes e morte acidental ou intencional de cetáceos.
Neste ano, as equipes encontraram 15 baleias encalhadas.
Nenhuma sobreviveu.
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