São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Chacina deixa quatro pessoas mortas em Osasco

Uma quinta vítima teve morte encefálica ontem e permanecia internada, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde

Foi a 24ª chacina deste ano no Estado; em 2007, 93 pessoas foram mortas nesse tipo de crime, 17 a mais do que em todo o ano passado

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

A 24ª chacina deste ano, registrada na madrugada de ontem em Osasco (Grande SP), deixou quatro pessoas mortas a tiros. Uma quinta pessoa, ainda não identificada, teve morte encefálica e continuava em estado gravíssimo até a conclusão desta edição, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
As cinco vítimas foram encontradas pela polícia deitadas de bruços, com pelo menos um tiro na cabeça cada uma, em um cortiço. Ao lado, havia dois papelotes de cocaína e dois cachimbos de crack.
Neste ano, 93 pessoas foram mortas em chacinas no Estado, 17 a mais do que em todo o ano passado. Os feridos somam 13, contra sete de 2006.
Entre as vítimas da chacina de ontem está uma adolescente de 17 anos, morta com um único tiro no crânio. Outra vítima era o dono do cômodo, o desempregado Fernando Souza Santana, 39. Ele era conhecido, segundo a polícia, como um crônico consumidor de drogas.
O irmão e vizinho de cortiço de Fernando, o porteiro Davi Souza Santana, 36, confirma essa versão. Diz que o irmão emprestava o cômodo para consumo de drogas, com a condição de também participar da partilha. "Eu disse para o meu irmão: "Ou você acaba na cadeia ou no caixão'", disse o porteiro.
Davi disse que, à 1h50, ouviu quatro disparos e, em seguida, uma mulher implorando para ser poupada. Ouviu mais dois tiros. Logo após os disparos, o porteiro disse ter visto um homem correr pela rua, mas não conseguiu identificá-lo.

Investigação
Os policiais que investigam o crime dizem ser improvável apenas uma pessoa ter atirado em outras cinco. Ainda segundo os investigadores, Talmar de Oliveira Branco, 40, uma das vítimas, era alto e forte.
A quarta vítima da chacina é a cabeleireira Diane Aparecida Cardoso Barbosa, 37, a única a receber dois tiros, um na cabeça e outro na boca.
No mundo policial, este último disparo é interpretado como vingança por delação.
Para os policiais civis, a vingança pode ter sido executada por criminosos ligados ao tráfico, mas não está descartada a participação de um grupo de extermínio formado por policiais militares que atuam no município.
O grupo de extermínio teria matado 30 pessoas desde meados de 2006. Dois PMs foram presos e 19 afastados, suspeitos de participar das mortes em setembro passado. A cúpula da PM nega a existência do grupo.
(ROGÉRIO PAGNAN E ARTUR RODRIGUES)


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