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Feriado chuvoso esvazia o litoral e lota os shoppings
Até as 17h de ontem, 140 mil carros passaram pelo sistema Anchieta-Imigrantes; em Finados, foram 220 mil veículos
No shopping Iguatemi, estacionamento vip ficou sem vagas; já na rua 25
de Março, a chuva fina afugentou parte da clientela
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quinze de novembro, chove
sem parar no litoral e o paulistano vai para a... "praia".
"O shopping é o programa
em um dia assim. Vai fazer o
quê?", pergunta a estilista Sofia, 26, que está no Iguatemi em
pleno feriado. Diz que foi "só
para acompanhar" a amiga Carolina Bussab, 26.
"Abomino estar aqui em um
feriado. Viajo todos os finais de
semana para a praia."
É difícil imaginá-la de biquíni. Maquiada, vestido "comprado em Paris", bolsa Balenciaga
e sandália muito alta azul turquesa Stella (McCartney), ela
parece bem familiarizada com
a "praia" local. Em volta, os "biquínis" são do mesmo naipe.
Com a chuva, o movimento
nas estradas caiu em relação a
feriados anteriores. Até as 17h
de ontem, 140 mil veículos passaram pelo sistema Anchieta-Imigrantes. O número é menos
da metade da previsão da concessionária Ecovias, que espera
a passagem de 300 mil a 500
mil veículos até o final do feriadão. Em Finados, 220 mil carros desceram a serra.
A chuva também afetou os
aeroportos de Congonhas e
Cumbica, que tiveram de operar por instrumentos no começo do dia. Os passageiros enfrentaram filas e atrasos -à
tarde a situação melhorou.
A Folha foi da rua 25 de Março ao Iguatemi, passando por
uma academia de ginástica, e
comprovou o que os números
adiantavam: havia engarrafamento até no aparelho de abdominal. "É programa de paulista [ir à academia no feriado]", diz a carioca Patrícia Diogo, 39, há 17 em São Paulo.
Enquanto segue as instruções do "personal", Patrícia diz
que adora a cidade e que já se
acostumou com seu ritmo.
Na rua 25 de Março, espécie
de "piscinão" popular, o ritmo
foi menor que o de um feriado
sem chuva, mas nenhum comerciante se queixou.
O pirateador de CDs conta,
sem se identificar, que vendeu
todas as cópias da trilha de
"Tropa de Elite" (R$ 5). "Trouxe 50 peças, foi tudo."
O soldado Forte, da PM, informa que, apesar da concorrência da chuva, "a 25 teve um
bom movimento". E nenhuma
ocorrência policial.
Do alto da ladeira Porto Geral só se vêem guarda-chuvas e
transeuntes com capas de plástico (R$ 2). Um dos vendedores
do modelo com capuz, João
Xavier, 35, que em dias quentes
trabalha com refrigerantes, diz
que vendeu bem (50 capas).
Na Casa Shiva, a reportagem
se pergunta o que uma loja de
artigos indianos poderia lucrar
em um feriado chuvoso.
"Você não sabe como o movimento foi bom hoje", diz a gerente Luciana Souza, 37. Ela
explica que a chuva "limpa da
rua quem vem só pra sassaricar, e abre caminho para o atacadista, que compra muito".
Contrariando a tese do "sassarico", as amigas arquitetas
Michelle, 30, e Talissa, 25, que
vieram de Brasília para visitar a
(Fundação) Bienal, confessam
que incluíram a 25 em seu roteiro "só para se divertir". "Isso
aqui é ótimo", dizem.
No outro lado da cidade, a
"praia" dos muito ricos está fechada. "A Daslu não abriu", lamenta a empresária Márcia
Zogbi, 50. Ela deixou de ir para
seu haras em Itararé (330 km
de SP) por causa da chuva. No
shopping, não achou vaga no
estacionamento vip.
"Tive de deixar o carro no
posto. Disse pro homem: "Troca o óleo, a bateria, lava, faz o
que quiser, mas eu preciso deixar o carro aqui", conta, acompanhada pela filha, Patrícia.
Colaboraram KLEBER TOMAZ e EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local e DANIEL RONCAGLIA
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