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Elpídio Beltrame, vida pelos camarões
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não seria exagero dizer
que o professor Elpídio Beltrame passou a vida lutando
pelos camarões -era um dos
maiores estudiosos brasileiros do tema, coordenava o laboratório de camarões marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina e, nos
últimos três anos, vivera para combater a "mancha
branca", vírus que dizimou
viveiros inteiros no Estado.
Dizem os amigos que ninguém sabia projetar uma fazenda de criação de camarões como ele -que nos mínimos detalhes cuidou de
quase todos os cem projetos
feitos no Estado em 27 anos
de laboratório.
Era adorado como professor pelos alunos-foi paraninfo das últimas duas turmas de aqüicultura- e como
pesquisador pela comunidade pesqueira, que não esqueceu quando seu laboratório
despejou 70 milhões de larvas na lagoa de Ibiraquera
(SC) -garantindo o sustento
de 800 famílias.
Dizem os colegas que, nos
últimos três anos, quando a
mancha branca ameaçou a
criação de camarões, Beltrame viu os pequenos produtores abandonarem o projeto e
entrou em depressão.
Foi achado no dia 5 por um
surfista ao lado de seu carro
capotado, em um precipício
na Barra da Lagoa, em Florianópolis -a 500 metros do
laboratório onde trabalhara
metade da vida. Deixou dois
filhos, ao morrer aos 50 anos.
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