São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Elpídio Beltrame, vida pelos camarões

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não seria exagero dizer que o professor Elpídio Beltrame passou a vida lutando pelos camarões -era um dos maiores estudiosos brasileiros do tema, coordenava o laboratório de camarões marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina e, nos últimos três anos, vivera para combater a "mancha branca", vírus que dizimou viveiros inteiros no Estado.
Dizem os amigos que ninguém sabia projetar uma fazenda de criação de camarões como ele -que nos mínimos detalhes cuidou de quase todos os cem projetos feitos no Estado em 27 anos de laboratório.
Era adorado como professor pelos alunos-foi paraninfo das últimas duas turmas de aqüicultura- e como pesquisador pela comunidade pesqueira, que não esqueceu quando seu laboratório despejou 70 milhões de larvas na lagoa de Ibiraquera (SC) -garantindo o sustento de 800 famílias.
Dizem os colegas que, nos últimos três anos, quando a mancha branca ameaçou a criação de camarões, Beltrame viu os pequenos produtores abandonarem o projeto e entrou em depressão.
Foi achado no dia 5 por um surfista ao lado de seu carro capotado, em um precipício na Barra da Lagoa, em Florianópolis -a 500 metros do laboratório onde trabalhara metade da vida. Deixou dois filhos, ao morrer aos 50 anos.


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