São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010

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Jovem gay afirma ter sido baleado por militar no Rio

Rapaz namorava no Arpoador e diz que foi hostilizado por ser homossexual

Agressão aconteceu após a Parada Gay; Exército afirma que vai ajudar a polícia nas investigações do caso

DO RIO

Um jovem de 19 anos foi baleado na noite de domingo após participar da Parada Gay no Rio. Segundo o estudante, o autor do disparo foi um militar do Exército, que teria, com outros dois militares, hostilizado um grupo de homossexuais.
O tiro atingiu seu abdome, mas não perfurou nenhum órgão vital. O Exército, que pela manhã divulgou nota descartando qualquer envolvimento, afirma que vai ajudar nas investigações.
O jovem disse à polícia que, após a Parada Gay, em Copacabana, foi com dois amigos para o parque Garota de Ipanema, que fica no bairro vizinho, Arpoador.
O local estava fechado e eles entraram por uma abertura nas grades. Segundo o estudante, havia cerca de 15 jovens no parque, todos homossexuais, namorando. Alguns faziam sexo.
A área não é de responsabilidade militar, mas fica ao lado do Forte de Copacabana. Por volta da meia-noite, diz o rapaz, três militares fardados abordaram o grupo e pediram a identificação dos jovens. Em seguida, passaram a hostilizá-los.
"Eles começaram a nos ofender, dizendo que, se pudessem, matariam todos com as próprias mãos, porque é uma raça desgraçada", disse.
Segundo ele, um dos militares o derrubou no chão e atirou em sua barriga. O rapaz foi encaminhado por policiais para o hospital.
O Comando Militar do Leste emitiu pela manhã uma nota afirmando que "não foi registrado nenhum disparo de arma de fogo por militares de serviço no Forte de Copacabana" e que "não existe nenhum tipo de patrulha externa realizada por militares de serviço no Forte de Copacabana, fora da área militar".
À tarde, dois militares do comando foram à delegacia, no Leblon (zona sul), prestar esclarecimentos e dizer que o Exército pretende ajudar nas investigações. Eles informaram que, dos 30 militares que ficam no forte a cada turno, três trabalham armados.
O presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Toni Reis, afirmou que vai cobrar das autoridades do Rio e de SP uma investigação rigorosa para verificar se os eventos do último fim de semana são casos de homofobia.


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