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SAÚDE
Coração "fraco" só mata menos que derrame
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
LEONARDO WERNER SILVA
DA REDAÇÃO
Jorge Amado, Nelson Rodrigues, o ex-presidente João Figueiredo foram vítimas. O ex-jogador
de futebol Diego Maradona luta
contra o problema.
Classificada como uma síndrome, conjunto de sinais e sintomas
de uma doença, a insuficiência
cardíaca ocorre quando o coração
tem dificuldades para bombear o
sangue para o resto do corpo.
No Brasil, é a segunda principal
causa de morte nos hospitais que
atendem o SUS -só perde para o
derrame. Neste ano, pelo menos
18.817 brasileiros foram mortos
pela insuficiência cardíaca.
A síndrome decorre de outros
problemas do coração, como a hipertensão, dilatação excessiva do
músculo cardíaco, sucessivos infartos e doença de Chagas.
O infarto, por exemplo, "mata"
parte do músculo cardíaco. A parte que sobra trabalha em dobro
para bombear o sangue.
Normalmente, o coração consegue bombear acima de 60% do
sangue que recebe com uma batida. Um coração com insuficiência
faz menos de 30% do trabalho.
Estima-se que a síndrome atinja
até 5% da população de alguns
países, principalmente na Europa, e possa evoluir silenciosamente em até 8% dos pacientes. Nos
EUA, entre 2 e 3 milhões de pessoas têm o problema e 400 mil casos novos são registrados por ano.
"É uma epidemia", afirma o
cardiologista Edimar Bocchi, responsável pela clínica de insuficiência cardíaca do Incor (Instituto do Coração) em São Paulo, e
presidente do grupo de estudos
da Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Um exame de sangue que mede
a quantidade de um hormônio ligado à síndrome e o ecocardiograma, exame de imagem que
mostra o tamanho e a performance do coração, ajudariam a detectar a síndrome.
Pacientes com histórico de problemas cardíacos, que não seguem o tratamento adequado e
acima dos 50 anos são os mais
suscetíveis a desenvolver o problema. A prevenção inclui dieta
com pouco sal e gordura, além de
exercícios físicos.
Há quatro "graus" de insuficiência cardíaca. No primeiro, o
paciente é assintomático. No segundo estágio, tem falta de ar em
grandes esforços. No terceiro
grau da insuficiência cardíaca, há
falta de ar até para esforços médios, como caminhar no plano.
No último grau, esforços mínimos causam um grande cansaço.
O tratamento consiste em drogas para aliviar os sintomas e evitar a evolução, como diuréticos
que facilitam a eliminação de líquidos -em alguns casos da síndrome há acúmulo de fluídos.
Há ainda o uso de remédios que
ajudam a aumentar a frequência
cardíaca e melhorar o trabalho do
órgão. Outros são vasodilatadores
e há uma classe de drogas que inibe a ação de hormônios que sobrecarregam o coração.
Para os casos muito graves,
muitas vezes só um transplante
cardíaco é a saída.
A carga de remédios é grande e
alguns pacientes têm dificuldades
para seguir o tratamento, diz Bocchi. A dona-de-casa Maria Leonilda Caetano, 50, que tem a síndrome devido à doença de Chagas,
diz não ter problemas para tomar
nove medicamentos diários.
Segundo ela, o que mais incomoda é a dieta a que teve que se
submeter, excluindo sal e comidas enlatadas da sua alimentação.
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