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Oficial causou pane em comunicação aérea
Tenente manuseou a central de distribuição de freqüências para tentar consertar falhas detectadas no início do mês
Ele teria agravado o problema, por imperícia, e derrubado o link dos
sistemas, trocando freqüências de rádio
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Foi um oficial tenente, não
um sargento, que causou a pane
inédita de comunicações que
paralisou o tráfego aéreo no
país no início do mês.
Depois que foi descartada a
hipótese de sabotagem por parte de sargentos controladores
de tráfego aéreo, fontes militares vazaram que fora um sargento que havia derrubado as
freqüências de rádio do Cindacta-1. Ele teria reconhecido o
erro aos prantos, conforme foi
noticiado. A Aeronáutica não
negou essa versão.
Oficialmente, o governo falou apenas da "falha humana"
de um "técnico". Mesmo com o
recuo, sargentos que atuam na
área técnica e no próprio controle aéreo ficaram revoltados.
Avaliam que oficiais da Aeronáutica sistematicamente encobrem seus próprios erros e
culpam a patente inferior, os
sargentos, pelos problemas ligados ao recente caos aéreo.
Ao "proteger" o tenente, os
controladores afirmam que a
FAB (Força Aérea Brasileira)
agravou a crise interna entre as
patentes no Cindacta-1.
A pane aconteceu porque o
tenente manuseou a central de
distribuição de freqüências para tentar consertar falhas detectadas no dia anterior, o que é
confirmado por controladores
que trabalharam naqueles dois
dias. Porém, teria agravado o
problema, por imperícia, e derrubado o link dos sistemas, trocando ou derrubando todas as
freqüências de rádio utilizadas
pelo controle aéreo para se comunicar com os aviões.
Sem rádio, os controladores
decidiram acionar um plano de
emergência para impedir decolagens e pousar aviões que já
voavam. Isso gerou dois dias de
caos em cascata em todo o país.
A reportagem não conseguiu
localizar o tenente responsável,
que teria, segundo a Folha apurou, sido remanejado temporariamente e faria um curso de
aperfeiçoamento com a empresa italiana Sitti, fornecedora do
equipamento.
Além disso, controladores
também afirmam que é incorreta a versão oficial da Aeronáutica de que a queda de energia por volta de meio-dia da segunda, dia 11, no Cindacta-2
(Curitiba), foi um evento "programado". De acordo com controladores, as operações de manutenção e renovação são feitas pela madrugada, para não
atrapalhar o tráfego aéreo.
Além disso, há geradores de
energia que funcionariam caso
a queda fosse prevista.
Na época, a FAB não se manifestou sobre esses dois pontos ao ser questionada pela reportagem.
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