São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Líder de Kassab vai presidir a Câmara

Police Neto (PSDB) é eleito o novo presidente da Mesa, após seis anos de comando dos vereadores do "centrão"

Eleição se deu aos gritos de "traidor" e ironias entre os vereadores, após mudanças de lado de alguns aliados


Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Toninho Paiva joga réplicas de notas dinheiro em direção aos que ele chamou de traidores, que votaram contra o "centrão"

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

Entre gritos de "traidor" e até vereador circulando com espada usada em haraquiri (ritual suicida de japoneses que, por exemplo, desonram o nome da família), a Câmara Municipal de SP elegeu ontem seu novo presidente.
Líder do prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Casa, José Police Neto (PSDB) teve 30 votos. O candidato Milton Leite -do DEM, partido de Kassab, mas adepto do grupo chamado de "centrão"- levou os outros 25 votos.
O "centrão" (que se denomina independente) comanda a Câmara há seis anos.
Nesse período, Kassab e seu antecessor, José Serra (PSDB), não conseguiram aprovar nenhum projeto sem o apoio do grupo, muitas vezes em troca de cargos em secretarias e subprefeituras.
A eleição de Police rompe o domínio do "centrão" por agora. Contudo, alguns dos vereadores assumirão em 2011 cargos de deputado e alguns dos suplentes tendem a se alinhar a esse grupo.
Além disso, a oposição já cresceu de 13 para ao menos 20 vereadores.
Foi Kassab quem negociou a adesão de partidos à candidatura do tucano. O prefeito não se alinhou ao DEM porque pode mudar de partido em 2011. Seu provável destino é o PMDB.
A promessa de cargos foi explorada pelo "centrão" e pelo PT. Na votação, José Américo, líder do PT, dizia que o PPS indicará o novo subprefeito de Guaianases e que os outros partidos devem assumir secretarias.
Police negava a barganha e dizia que venceu pelo "debate à exaustão" de ideias.
Milton Ferreira (PPS) negou que tenha feito acordo para indicar o subprefeito de Guaianases, mas admitiu que o partido pode ter esse compromisso.
As novas configurações de situação e oposição na Câmara devem valer só a partir do ano que vem.

IRONIAS
Os principais alvos das ironias e cenas de circo eram Antonio Goulart e Jooji Hato, ambos do PMDB, que haviam assinado documento em apoio ao "centrão" e mudaram de lado.
Eles ganharam o livro "Traição", de Karin Alvtegen, autografado pelos demais membros do "centrão".
Aurélio Miguel (PR) levou a espada de samurai. E Toninho Paiva (PR) atirou réplicas de notas de dinheiro nos que chamou de "traidores".
Roberto Tripoli (PV), que em 2005 rompeu com seu partido, o PSDB, para se eleger presidente, também criticou quem mudou de lado.
Após reunião que terminou de madrugada, quase todos os apoiadores de Police Neto continuaram confinados em um hotel até de manhã, para evitar dissidências.


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