São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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ELECTRA DELDUQUE DE BARROS (1919-2010)

As mudas no jardim de Electra

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Sempre que a via no ônibus, o rapaz a paquerava, mas achava que a moça, Electra Delduque, não lhe dava bola. Ela, com problema nos olhos, não enxergava bem, só que ele, Geraldo de Barros, não sabia disso.
Conheceram-se mesmo no baile de Carnaval do Municipal, nos anos 40. Ele, sem caneta, usou o batom de Electra para anotar o telefone dela.
Nascida em Ribeirão Bonito (SP), onde foi criada pela avó e tias após perder o pai muito cedo e ver a mãe, ainda jovem, ter um derrame, ela chegou a SP aos 17 anos.
Sua família tinha o costume de pôr nomes de origem grega nas crianças. O Electra surgiu após seu pai saber que a filha do inventor Guglielmo Marconi chamava-se Elettra.
Já namorava Geraldo, quando o pintor, fotógrafo e designer foi estudar na França, e ela o esperou em SP. Casaram-se em 52, na capela Cristo Operário, onde ficava a Unilabor, cooperativa que fabricava móveis criada por ele.
Quando nasceram as filhas, Electra largou o emprego no Tribunal de Justiça.
Anos depois, como gostava de jardinagem, fez cursos e teve uma empresa. Na casa de São Roque comprada pelo casal em 1970, ela plantou mudas e fez todo o jardim.
Na época, desistiram de viver no local porque Geraldo sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). O lugar virou uma casa de campo, que Electra frequentou até os últimos dias. Lá, suas mudas viraram árvores enormes.
Viúva desde 1998, ela morreu anteontem, aos 91, devido a um derrame. Deixa as filhas Lenora e Fabiana. O enterro será hoje, às 14h, no cemitério São Paulo, na capital.

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