São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Polícia apura ligação de PMs com morte de sindicalistas

Oito dos investigados são seguranças particulares de diretores da entidade

Policiais também vistoriaram casas de sindicalistas; em uma delas, achou R$ 55 mil dentro de uma panela


ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Treze armas apreendidas ontem pela Polícia Civil com nove PMs e diretores do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano) de SP serão periciadas sob a suspeita de terem sido usadas na morte de dois diretores da entidade.
Nove policiais são investigados pelas mortes de Sérgio Augusto Ramos, 48, o Serjão, em outubro, e de José Carlos da Silva, 50, o Irmão da Sambaíba, mês passado, diretores de base do sindicato.
Oitos dos policiais são seguranças particulares de diretores da entidade.
O nono PM investigado, considerado o principal suspeito pela morte de Silva, é Célio Teixeira de Carvalho, que atua no 47º Batalhão, na zona norte de SP. A Folha não o localizou ontem.
A casa de Carvalho foi um dos 20 locais vistoriados ontem numa operação com 150 policiais do DHPP (departamento de homicídios), que investiga uma disputa de 18 anos que já matou 16 pessoas ligadas direta ou indiretamente ao sindicato.

CAIXA-DOIS
A suspeita é que a disputa envolva o controle de um caixa-dois de R$ 500 mil ao mês. O dinheiro seria desviado de contratos de planos de saúde da categoria, da compra de cestas básicas para os funcionários e de convênios com empresas, como farmácias.
As casas de cinco diretores do sindicato também foram vistoriadas ontem. Na do diretor jurídico, José Ilton Pereira, o Zé Ilton, foram apreendidas duas armas.
Em uma panela na casa de Edvaldo Santiago, secretário-geral do sindicato, foram apreendidos quase R$ 55 mil. O sindicalista disse que o dinheiro é lícito e declarado à Receita Federal.
Outro alvo da operação foi Isao Hosogi, o Jorginho, presidente do sindicato. Desde outubro, a Folha tenta, sem sucesso, ouvi-lo sobre o caso.
Na página do sindicato na internet, Hosogi informou apoiar a ação da polícia.
Ele e os diretores sempre negaram à Polícia Civil ligações com os crimes.
Apenas a casa de José Valdevan de Jesus Santos, diretor de finanças do sindicato, não foi vasculhada ontem porque ele, ao depor à polícia, forneceu um endereço falso e, agora, responderá criminalmente sob acusação de tentar enganar a polícia.
Santos é vereador em Taboão da Serra e investigado pela polícia por suspeita de elo com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele nega o vínculo.
O irmão de um motorista do sindicato foi preso por porte ilegal de arma -um revólver calibre 22 irregular.


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