São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Poda malfeita e confinamento enfraquecem árvores em SP

Falta de cuidado é a principal causa de quedas, dizem técnicos

EDUARDO GERAQUE
VANESSA CORREA

DE SÃO PAULO

Há pelo menos 60 anos, a cidade de São Paulo ignora a saúde de suas árvores, dizem especialistas ouvidos pela Folha. O descaso culmina com as dezenas de troncos caídos sobre carros e casas em todos os verões.
"Se poda fosse boa, algum animal na floresta também faria isso", diz Ricardo Cardim, especialista em árvores paulistanas. "Muitas vezes, os cortes ocorrem apenas para satisfazer alguma necessidade humana", afirma.
Para ele, a prefeitura vem fazendo um grande esforço para melhorar a saúde das árvores, mas ainda "está longe do estado da arte".
Segundo o técnico do IPT Sérgio Brazolin, ocorre na cidade um desequilíbrio entre a copa e as raízes das árvores que, idealmente, deveriam ter tamanho parecido.
"A raízes passam embaixo das calçadas, mas não da pavimentação das ruas, e ficam confinadas", diz. Nesse caso, nem é preciso ventar para que as árvores caiam.
Basta uma chuva e o encharcamento do solo faz com que a raiz perca a adesão. Aí as árvores tombam, especialmente quando a copa está desequilibrada.
Outro problema relatado pelo técnico é a deterioração da base da árvore, que ocorre por infiltração de fungos e cupins devido a podas malfeitas, tanto pela prefeitura como pela população. Aí o vento entra como fator importante para a queda.
A cena descrita por Ricardo Cardim é bastante típica. O dono de um comércio, sem autorização, pede ajuda de alguém para tirar um grande galho que está encobrindo a fachada do lugar. A cicatriz que será aberta sem cuidado no tronco vira porta de entrada para fungos e cupins, que enfraquecem a árvore.
"A árvore apodrece e após três anos cai. A culpa é da prefeitura?", indaga Cardim.


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