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Poda malfeita e confinamento enfraquecem árvores em SP
Falta de cuidado é a principal causa de quedas, dizem técnicos
EDUARDO GERAQUE
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO
Há pelo menos 60 anos, a
cidade de São Paulo ignora a
saúde de suas árvores, dizem
especialistas ouvidos pela
Folha. O descaso culmina
com as dezenas de troncos
caídos sobre carros e casas
em todos os verões.
"Se poda fosse boa, algum
animal na floresta também
faria isso", diz Ricardo Cardim, especialista em árvores
paulistanas. "Muitas vezes,
os cortes ocorrem apenas para satisfazer alguma necessidade humana", afirma.
Para ele, a prefeitura vem
fazendo um grande esforço
para melhorar a saúde das
árvores, mas ainda "está longe do estado da arte".
Segundo o técnico do IPT
Sérgio Brazolin, ocorre na cidade um desequilíbrio entre
a copa e as raízes das árvores
que, idealmente, deveriam
ter tamanho parecido.
"A raízes passam embaixo
das calçadas, mas não da pavimentação das ruas, e ficam
confinadas", diz. Nesse caso,
nem é preciso ventar para
que as árvores caiam.
Basta uma chuva e o encharcamento do solo faz com
que a raiz perca a adesão. Aí
as árvores tombam, especialmente quando a copa está
desequilibrada.
Outro problema relatado
pelo técnico é a deterioração
da base da árvore, que ocorre por infiltração de fungos e
cupins devido a podas malfeitas, tanto pela prefeitura
como pela população. Aí o
vento entra como fator importante para a queda.
A cena descrita por Ricardo Cardim é bastante típica.
O dono de um comércio, sem
autorização, pede ajuda de
alguém para tirar um grande
galho que está encobrindo a
fachada do lugar. A cicatriz
que será aberta sem cuidado
no tronco vira porta de entrada para fungos e cupins, que
enfraquecem a árvore.
"A árvore apodrece e após
três anos cai. A culpa é da
prefeitura?", indaga Cardim.
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