São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

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Polícia vai investigar as 27 regionais de SP

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ARIEL KOSTMAN
da Reportagem Local

A Polícia Civil vai investigar as denúncias de corrupção nas regionais de São Paulo.
A medida foi anunciada pelo secretário-adjunto da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza, que se reuniu na tarde de ontem com os promotores que investigam denúncias de corrupção na Regional de Pinheiros.
"A polícia não pode se omitir", disse Souza. Ontem, ele viu, pela primeira vez, as agendas e listas apreendidas com chefe da equipe de fiscalização da Regional de Pinheiros, Marco Antonio Zeppini, preso no dia 2.
Zeppini foi flagrado recebendo R$ 30 mil, em cheques, da comerciante Soraia da Silva. Desde a prisão, os promotores já receberam cerca de 170 ligações com denúncias de cobrança de propina em 21, das 27 regionais.
"O material é estarrecedor. Nunca vi nenhum caso de corrupção tão minuciosamente documentado", afirmou Souza.
Ontem, o advogado dos fiscais de Pinheiros Claudio Francisco Palma e Vera Lúcia Lopes Aires esteve no 14º DP (Pinheiros) para justificar a falta dos dois ao depoimento na última sexta-feira. Ele foi informado de que o inquérito já está finalizado e que os dois foram indiciados por concussão (exigir vantagem ou bem para deixar de cumprir função pública).
Além dos dois, outros dez fiscais de Pinheiros foram afastados. Esses funcionários continuam recebendo salários normalmente e estão à disposição da Secretaria das Administrações Regionais (SAR).

Retaliação
O empresário Miguel Archanjo Marangoni, proprietário de um edifício residencial na Vila Carrão, disse que está sofrendo retaliações. Marangoni havia denunciado que a engenheira Maria Luiza Castilho, da Regional da Mooca, pediu R$ 20 mil para livrá-lo de multa referente ao estabelecimento de pessoas no prédio sem o habite-se (certificado que comprova condições de moradia). A engenheira, que nega envolvimento no caso, foi afastada anteontem.
Segundo Marangoni, oito fiscais e dois engenheiros estiveram ontem no prédio exigindo documentos dos proprietários dos imóveis. Ao ser informado do fato, o promotor José Carlos Blat disse que vai intimar o regional da Mooca para esclarecer o caso.



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