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CRIANÇA E ADOLESCENTE
Gastos recuaram 10% de 87 a 95, segundo relatório do Unicef; proporção do PIB investido ficou menor
Cai investimento do governo na infância
da Sucursal de Brasília
Os gastos sociais federais per capita com crianças e adolescentes
no Brasil caíram aproximadamente 10% entre 87 e 95. Em 87, o gasto
per capita era de cerca de R$ 185.
Em 95, baixou para R$ 165.
Também diminuiu a proporção
do PIB (Produto Interno Bruto)
destinada à população infanto-juvenil. Em 89, foi aplicado a esse
segmento 2,3% do PIB. Em 90, esse tipo de gasto caiu para 1% e, em
95, depois de alguma recuperação,
atingiu 1,6% do PIB, ainda abaixo
do registrado em 89.
Os dados fazem parte do relatório sobre a infância brasileira nos
anos 90, divulgado ontem pelo
Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância).
"O problema do Brasil é principalmente na eficiência da aplicação dos recursos sociais. Em termos gerais, os gastos sociais do
governo aumentaram de 87 a 95. O
que ainda é muito baixo é o direcionamento desse gasto para a infância e a adolescência", disse
Agop Kayayan, representante do
Unicef no Brasil.
Segundo o relatório, embora o
número de menores de 18 anos representasse 38% da população em
95, somente 12% do gasto social
foi dirigido para esse segmento
naquele ano. O Unicef considera
gasto social o equivalente às despesas do governo com educação,
cultura, habitação, desenvolvimento urbano, saúde, saneamento, proteção ambiental, trabalho,
assistência e previdência.
Para permitir uma comparação
melhor, os valores das cinco moedas usadas no período foram convertidos para o real de dezembro
de 95. Os dados foram levantados
no Siafi, sistema que permite
acompanhar mensalmente as despesas governamentais. "Não é
desprezível o volume de recursos
federais aplicados em programas
sociais em geral. O montante de
gastos sociais nunca foi inferior a
4% do PIB nesse período, atingindo 12% em 95", diz o relatório.
"No entanto, quando comparados com gastos sociais de outros
países, esses valores não parecem
tão expressivos. Só para a saúde,
em 93 o Chile alocou 3,4% de seu
PIB", diz o texto. Enquanto no
Brasil, em 90, os 20% mais pobres
da população recebiam 15% dos
recursos, no Chile esse valor era de
36% em 92, diz Kayayan.
A situação no Brasil é ainda pior
se forem considerados dados do
Banco Mundial citados pelo Unicef, segundo os quais 57% da população pobre brasileira é formada por crianças e adolescentes de 0
a 17 anos. "Verifica-se aí como a
pobreza afeta mais acentuadamente os jovens", diz o relatório.
A redefinição de estratégias de
implementação dos programas,
de forma a atingir de maneira mais
direta as camadas mais carentes e
as crianças e adolescentes é recomendada pelo Unicef como política pública a ser adotada.
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