|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO DINIZ
Desembargadores tendem a reduzir a pena dos sequestradores, que entram no 31º dia de greve de fome
TJ adia de novo revisão de pena de sequestro
MALU GASPAR
da Reportagem Local
O julgamento da revisão das penas dos sequestradores do empresário Abílio Diniz foi adiado pela
terceira vez, mas os desembargadores do Tribunal de Justiça de
São Paulo que já votaram -oito
dos dez- indicaram que as penas
serão reduzidas.
Com a sessão de ontem, houve
um voto contra e sete votos a favor
da redução das penas dos sequestradores. A menos que, na próxima sessão, os votos sejam revertidos a ponto de mudar a sentença,
as condenações, que variavam de
26 a 28 anos, passarão a variar de
15 a 18 anos.
O nono desembargador a votar
pediu vistas do processo para avaliar o caso antes de decidir. Por isso, os dois últimos votos sobre o
caso deverão ser dados apenas na
próxima terça-feira.
O adiamento foi criticado pelo
presidente de honra do PT, Luís
Inácio Lula da Silva, que esteve
ontem no Hospital das Clínicas visitando os sete homens e uma mulher que completam hoje 31 dias
de greve de fome. Lula disse que a
Justiça é lenta e que a saída para o
caso deverá ser política.
Ele fez um apelo público ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que atenda as reivindicações dos sequestradores, expulsando os estrangeiros e indultando o brasileiro.
"As coisas agora vão depender
da sensibilidade política do presidente. Acredito que poderia haver
uma atitude humanitária dele. A
saída deve ser política, já que eles
estão há 30 dias em greve de fome,
quase todos muito debilitados, e a
Justiça é lenta", disse Lula.
A pedido de Lula, os sequestradores desistiram da greve seca que
iniciariam à 0h de hoje. Lula disse
a eles que precisava de um tempo
para que ele e os partidos de oposição tentassem negociar uma saída
com o governo federal.
Ele não confirmou se vai ou não
falar com o presidente sobre o assunto. "Posso até falar com o presidente sobre o caso, porque acredito que eles não são bandidos comuns, são cidadãos políticos e podem se reabilitar no país deles."
Ontem, mais um pedido de regime semi-aberto, desta vez para o
sequestrador chileno Pedro Lembach, foi negado pela Vara das
Execuções Criminais de São Paulo. O argumento é o mesmo utilizado para negar os outros seis pedidos -o de que os sequestradores ainda mantém vínculos com o
grupo, o que impossibilita a reintegração à sociedade. Agora, falta
apenas um pedido para ser analisado, o de Hector Tapia.
Ainda ontem, a organização
não-governamental de direitos
humanos Human Rights Watch
enviou carta ao presidente Fernando Henrique pedindo que ele
expulse os sequestradores e indulte (perdoe) o brasileiro, pondo fim
à greve de fome.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|