São Paulo, quarta, 16 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO DINIZ
Desembargadores tendem a reduzir a pena dos sequestradores, que entram no 31º dia de greve de fome
TJ adia de novo revisão de pena de sequestro

MALU GASPAR
da Reportagem Local

O julgamento da revisão das penas dos sequestradores do empresário Abílio Diniz foi adiado pela terceira vez, mas os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo que já votaram -oito dos dez- indicaram que as penas serão reduzidas.
Com a sessão de ontem, houve um voto contra e sete votos a favor da redução das penas dos sequestradores. A menos que, na próxima sessão, os votos sejam revertidos a ponto de mudar a sentença, as condenações, que variavam de 26 a 28 anos, passarão a variar de 15 a 18 anos.
O nono desembargador a votar pediu vistas do processo para avaliar o caso antes de decidir. Por isso, os dois últimos votos sobre o caso deverão ser dados apenas na próxima terça-feira.
O adiamento foi criticado pelo presidente de honra do PT, Luís Inácio Lula da Silva, que esteve ontem no Hospital das Clínicas visitando os sete homens e uma mulher que completam hoje 31 dias de greve de fome. Lula disse que a Justiça é lenta e que a saída para o caso deverá ser política.
Ele fez um apelo público ao presidente Fernando Henrique Cardoso para que atenda as reivindicações dos sequestradores, expulsando os estrangeiros e indultando o brasileiro.
"As coisas agora vão depender da sensibilidade política do presidente. Acredito que poderia haver uma atitude humanitária dele. A saída deve ser política, já que eles estão há 30 dias em greve de fome, quase todos muito debilitados, e a Justiça é lenta", disse Lula.
A pedido de Lula, os sequestradores desistiram da greve seca que iniciariam à 0h de hoje. Lula disse a eles que precisava de um tempo para que ele e os partidos de oposição tentassem negociar uma saída com o governo federal.
Ele não confirmou se vai ou não falar com o presidente sobre o assunto. "Posso até falar com o presidente sobre o caso, porque acredito que eles não são bandidos comuns, são cidadãos políticos e podem se reabilitar no país deles."
Ontem, mais um pedido de regime semi-aberto, desta vez para o sequestrador chileno Pedro Lembach, foi negado pela Vara das Execuções Criminais de São Paulo. O argumento é o mesmo utilizado para negar os outros seis pedidos -o de que os sequestradores ainda mantém vínculos com o grupo, o que impossibilita a reintegração à sociedade. Agora, falta apenas um pedido para ser analisado, o de Hector Tapia.
Ainda ontem, a organização não-governamental de direitos humanos Human Rights Watch enviou carta ao presidente Fernando Henrique pedindo que ele expulse os sequestradores e indulte (perdoe) o brasileiro, pondo fim à greve de fome.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.