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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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BARBARA GANCIA

Jorge Lafond morreu magoado com padre Marcelo

Sabe por que o padre Marcelo Rossi não deixou o Jorge Lafond subir no palco com ele? Porque dois homens de saia em cima de um mesmo palco só pega bem na Escócia.
Não se falou de outra coisa nesta semana. Sem tirar nem pôr, o pessoal está dizendo que o padre Marcelo foi o responsável pelo ataque cardíaco que matou o ator Jorge Lafond, homossexual declarado, no último sábado.
Para você que não toma ônibus, táxi ou café na padaria, que não tem empregada e aparelho de TV e que não lê a "Contigo", eu explico: segundo versão divulgada ao longo da semana nos programas vespertinos da TV (especialmente nos da Record), Jorge Lafond, mais conhecido como a Vera Verão de "A Praça É Nossa", teria entrado em depressão e tido sucessivas crises de hipertensão depois de ter sido convidado a descer do palco durante a gravação de um programa do Gugu, para que padre Marcelo pudesse se apresentar.
Se a gente morresse vítima de grosserias ou de injustiça como estão dizendo que o Lafond morreu, por conta da prefeita Marta Suplicy eu já teria ido encontrar o Criador faz tempo. Veja só: primeiro ela me chamou de Jean-Marie Le Pen, em carta ao jornal. Depois aumentou meu IPTU e ainda quer que eu pague taxas de lixo, iluminação pública e fiscalização de anúncios. Mas não é bem por aí. Posso apostar um picolé de limão como a morte de Jorge Lafond não foi uma consequência direta da discriminação cometida pelo padre Marcelo.
Sobre o padre em questão, um internauta chamado Renato deixou seu recado no mural do meu site, no UOL, que o assinante pode conferir: "Ele é uma bem-sucedida reação da igreja à profusão dos cultos de massa. Nesse sentido, é bem-vindo. Mas não vejo com bons olhos a abordagem religiosa simplória e enganadora".
Quer saber? Lembra quando Lafond tirou da lama a Índia Potira, ex-dançarina do Chacrinha que perdeu tudo em razão do alcoolismo, dando a ela um carrinho de hot dog para que refizesse a vida? Só por esse gesto eu já teria orgulho de pisar no mesmo palco que ele.


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