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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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ALIMENTAÇÃO

Para ministério, não há provas científicas de que os níveis prometidos na embalagem possam ser atingidos

Ovos com "menos colesterol" são proibidos

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Agricultura proibiu ontem a comercialização de ovos cuja propaganda diga que o produto tem quantidade menor de colesterol que o normal. Para o ministério, não há provas de método científico capaz de produzir ovos com menos colesterol.
Desde ontem, o ministério não registra mais rótulos de embalagens de ovos com descrição nutricional, incluindo os níveis de colesterol. Produtos assim devem ser retirados do mercado num prazo de 30 dias.
Segundo a assessoria do ministério, nesse período, um grupo consultivo vai elaborar um regulamento técnico com "padrões de qualidade e identidade de ovos".
O regulamento será submetido à consulta pública antes de ser oficializado no formato de uma instrução normativa do ministério. O futuro documento deverá orientar empresas de comércio e produtores de ovos do país.
O ministério estima em 10% a parcela dos ovos vendidos hoje no país com propaganda de menor teor de colesterol do que o usual. Geralmente, esse dado é veiculado no rótulo, como "informação nutricional".
O colesterol é uma substância presente nas gorduras animais e que, em excesso, pode causar arteriosclerose, ou seja, o entupimento de artérias.
O ministério tomou a medida com base em estudo de pesquisador da USP (Universidade de São Paulo).
O documento diz que não há como comprovar que galinhas passam a produzir ovos com menos colesterol se forem alimentadas com ração especial.
A constatação de que ovos vendidos no mercado como "light" não apresentam a redução da quantidade de colesterol prometida na embalagem não é nova.

Redução mínima
Em 2001, um estudo do pesquisador Pedro Alves de Souza, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp (Universidade Estadual Paulista), mostrou uma redução mínima de colesterol: apenas 6%, em vez dos 20% anunciados na embalagem.
Souza chegou a essa conclusão após analisar três amostras de cada um dos vários tipos de ovos encontrados no comércio: o caipira, o comum, o pufa e o light.
Na época, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) alertou sobre a propaganda enganosa em sua revista mensal. Apesar disso, os ovos continuaram nas prateleiras, alguns prometendo colesterol até 40% mais baixo.


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