São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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CASO RICHTHOFEN

Irmãos dizem que ela planejou morte dos pais; advogado nega abuso

Pai estuprou Suzane, dizem Cravinhos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os irmãos Cristian e Daniel Cravinhos afirmaram ontem que Suzane von Richthofen era estuprada pelo seu pai, Manfred, desde os 13 anos de idade. O fato já havia sido citado por um deles em depoimento formal à Justiça.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, eles reforçaram a tese de que foi ela quem planejou a morte de seus pais, Marísia e Manfred. Segundo Daniel, seu ex-namorado, Suzane teria até feito um teste ao disparar uma arma em casa para ver o barulho que o tiro produzia, uma semana antes do crime.
À Justiça, Suzane disse que foi seduzida por Daniel e que a idéia do crime partiu dele. Ela nega o estupro. Já o promotor de Justiça que acompanha o caso, Roberto Tardelli, diz que tudo não passa de uma estratégia de defesa para tentar reduzir a pena dos dois.
Cristian e Daniel mataram os Richthofen com golpes de barra de ferro enquanto o casal dormia, em sua residência, no Brooklin, na zona sul, em outubro de 2002. Eles e Suzane, que ajudou no crime, foram beneficiados em 2005 por decisões do Superior Tribunal de Justiça e aguardam o julgamento em liberdade.
O caso irá hoje para o Tribunal do Júri. Ainda não há uma data para o julgamento.
Ontem, os irmãos voltaram a falar das supostas agressões sexuais. Cristian foi o mais incisivo. Disse que Suzane afirmou que não seria uma pessoa feliz enquanto não sepultasse os pais. E que ela teria dito: "Eu sou estuprada, sou molestada desde os 13 anos dentro da minha própria casa". Daniel contou que o irmão de Suzane, Andreas, dormia no quarto dela porque a garota se sentia ameaçada.
Procurados pela Folha, os irmãos Cravinhos disseram que não poderiam dar entrevista sem autorização de seu advogado, Geraldo Jabur. "Eu, particularmente, sou contra dar entrevista, mas já que o advogado mandou, ele é quem sabe", disse Cristian. A Folha entrou em contato com Jabur, mas ele não ligou de volta.
O advogado da garota, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, negou o estupro. "Ela está revoltada com essa mentira torpe", afirmou.
Segundo ele, Suzane está profundamente arrependida do crime. "Ainda que a alegação de ter sido vítima de abuso sexual melhorasse sua situação jurídica, ela não admitiria a mentira", disse.
O promotor Tardelli acredita que "a história fantasiosa das agressões sexuais" fazem parte de uma estratégia da defesa com o objetivo de "fazer a opinião pública e o júri sentirem pena deles".
"À Justiça [em 2002], Cristian citou a suposta tentativa de estupro, mas não deu nenhum detalhe. É um factóide que não me surpreende", afirma.


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