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IPT já realizou estudos para a linha 4 em 97
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O mesmo IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas) contratado para apontar as causas
do maior acidente da história
do Metrô já teve participação
na linha 4, situação que motivou alguns questionamentos
de profissionais sobre eventuais conflitos de interesse que
possam interferir no laudo.
O instituto, ligado ao Estado,
foi contratado pelo Metrô para
fazer em 1997 os estudos de caracterização geológica e geotécnica da linha 4, no trecho da
Faria Lima à Vila Sônia, inclusive na área da estação Pinheiros -exatamente onde ocorreu
a tragédia da sexta passada.
O trabalho foi solicitado, diz
a assessoria do IPT, para que
servisse de embasamento para
a concorrência pública -antes
do projeto básico e da realização da licitação. O IPT teve a
ajuda de um consultor inglês
nas análises do maciço rochoso.
O IPT afirma que sua contribuição para a linha 4-amarela
só tende a ajudar nas investigações, justamente por ter agrupado conhecimento detalhado
sobre as condições geológicas.
Mas um engenheiro e um
geólogo ouvidos em caráter reservado pela Folha -um ligado
à USP e outro a uma entidade
representativa de classe- viram ressalvas nessa condição.
Apesar de ressaltarem a capacidade de técnicos do IPT,
temem pressões políticas e não
descartam a possibilidade, ainda que pequena, de ter havido
algum vício de origem em estudos geológicos iniciais da área.
Os discursos de membros da
gestão José Serra (PSDB) nos
últimos dias têm ressaltado a
confiança irrestrita no IPT.
Os profissionais que apontaram ressalvas nessa condição
destacam ser muito mais provável ter havido falhas na execução da obra do que em análises iniciais de solo. Mesmo assim, vêem conflito de interesse.
Ex-funcionários do instituto
dizem confiar na sua isenção.
"É uma questão pertinente, a
ser discutida, mas eu confio
nos técnicos do IPT", afirma
Álvaro Rodrigues dos Santos,
ex-diretor do instituto, ressalvando a necessidade de vigilância para que não haja nenhuma
pressão governamental na
atuação do IPT. "Os técnicos
precisam ter total liberdade,
não podem ser constrangidos,
para haver isenção", diz.
José Roberto Braguim, presidente da Abece (Associação
Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural) e que
trabalhou durante 17 anos no
IPT, diz ter confiança no "profissionalismo" do instituto.
Ele avalia que as diversas
etapas envolvidas num projeto
dessa dimensão (estudo preliminar, projeto básico, projeto
executivo, execução da obra,
controle, fiscalização) tendem
a reparar erros de origem.
"Os procedimentos iniciais
são repetidos nas fases seguintes. O IPT é imbatível na caracterização de solo. Não acredito
que um eventual vício pudesse
se propagar no resto da obra."
O Metrô afirmou que, "além
da ilibada reputação" do IPT,
ele participou da linha 4 antes
do projeto básico, conferindo
ao órgão "total independência
e credibilidade".
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