São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

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Sumiço de informantes apressou ataque

MARIO HUGO MONKEN
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Nas últimas duas semanas, sete supostos informantes do Comando Vermelho infiltrados na Rocinha desapareceram -possivelmente foram assassinados. O revés teria levado o CV a fazer a invasão. "Eles teriam dito "é agora ou nunca'", diz a inspetora Marina Maggessi, da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).
Atingida pelo ataque, a facção criminosa que controla o tráfico de drogas na Rocinha, a Amigo dos Amigos (ADA), prepara o troco ao CV pela tentativa de invasão. A polícia teme uma nova guerra entre os traficantes.
O conflito que eclodiu já estava sendo desenhado. Antes do ataque do CV, a ADA já tinha traçado, há duas semanas, a ocupação de duas comunidades da região dominadas pelo grupo rival: Ladeira dos Tabajaras (Copacabana) e Chapéu Mangueira (Leme).
A ADA também já tinha descoberto que o Comando Vermelho faria um ataque à Rocinha. O plano da Amigo dos Amigos foi tramado no último dia 3, em uma reunião na própria Rocinha com os principais líderes da facção.
Segundo a Folha apurou, participaram do encontro os dois chefes da Rocinha e líderes de outras áreas da cidade, como do complexo de favelas da Maré (zona norte), do morro de São Carlos (centro) e dos bairros da Tijuca e de Via Isabel (zona norte).
A idéia do grupo era invadir primeiro o Chapéu Mangueira e depois alcançar o Ladeira dos Tabajaras pela mata que separa as duas favelas, passando inclusive por uma vila militar. Todas as dicas da ação foram dadas por traficantes que foram expulsos do Chapéu Mangueira e do Tabajaras e que se aliaram à ADA.
A suspeita de que informantes do CV estavam infiltrados na Rocinha levou os traficantes a realizarem blitze na estrada da Gávea durante a noite para revistar carros e encontrar possíveis rivais.
Mas não é só a zona sul que estaria na mira da ADA. Segundo a polícia, o complexo de favelas de Senador Camará (zona oeste), dominado atualmente pelo TCP (Terceiro Comando Puro), poderá sofrer uma nova invasão do traficante Batata, que já atacou a comunidade em janeiro.


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