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EDUCAÇÃO
Universidade estuda, já para o próximo vestibular, criar cursinho para ajudar os melhores estudantes a serem aprovados
USP quer treinar bom aluno da rede pública
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A USP apresentará até maio um
"pacote de inclusão social", afirmou ontem a reitora, Suely Vilela.
A medida que está mais adiantada
é a criação de um exame para alunos do ensino médio público, que
visa selecionar os melhores da rede para um cursinho a ser desenvolvido e mantido pela instituição
-e com isso aumentar as chances de aprovação no vestibular.
Além disso, o exame poderá
ajudar esses estudantes na prova
da Fuvest. A avaliação deverá representar entre 20% e 30% da nota final do processo seletivo. Vilela
pretende implantar o mecanismo
já no próximo vestibular.
A USP e outras universidades
vêm sendo pressionadas por movimentos sociais a aumentar o
número de estudantes da rede pública em suas cadeiras. Em São
Paulo, 85% dos alunos do ensino
médio estão nesse sistema, mas
eles representam, em geral, 20%
dos aprovados na Fuvest.
Esses movimentos exigem que
haja cotas (reserva de vagas) para
equilibrar essas proporções. A
USP entende que, com esse sistema, estudantes despreparados
entrarão em seus cursos.
A universidade, até agora, buscou fazer a inclusão por meio do
aumento no número de isenções
da taxa de inscrição no vestibular
(que custou R$ 105 no último exame) e pela criação de um campus
na zona leste da capital -o que
aproxima a universidade de uma
região de baixa renda.
Essas medidas tiveram pouco
efeito até o momento: o número
de aprovados da escola pública
caiu, do vestibular 2005 para o
2006, de 20,1% para 18,5%.
A reitora da universidade quer
medidas "mais impactantes".
Desde que venceu a eleição para a
reitoria, em novembro, ela afirma
que a inclusão é sua prioridade.
Vilela está montando uma comissão específica para o tema.
"Temos de entregar o projeto até
maio para que a Fuvest tenha
tempo de fazer as eventuais modificações para o próximo vestibular", disse a reitora à Folha.
A Fuvest também seria responsável pela execução do exame no
ensino médio público. A intenção
é aplicar as avaliações em cada
um dos três anos do antigo colegial, para que os alunos selecionados tenham o cursinho durante
todo esse período. "Um aluno
avaliado por três anos, e com um
curso de reforço, terá a formação
adequada para ingressar na universidade", afirmou a reitora.
Em 2004, a USP e o governo Geraldo Alckmin (PSDB) criaram
um cursinho experimental, de
seis meses, para 5.000 alunos de
escolas públicas na zona leste. Os
resultados foram pouco significativos em termos de aprovação:
cerca de 1% passou na Fuvest. O
projeto durou só um ano.
O número de alunos atendidos
pelo novo cursinho ainda não foi
definido. Vilela negociará recursos com o governo estadual e com
empresas para implementar a iniciativa. Outras mudanças deverão
ser incorporadas ao "pacote de
inclusão". Para isso, a comissão
analisará as iniciativas feitas por
outras universidades.
Para o coordenador da ONG
Educafro, frei David Santos, a medida estudada pela USP apenas
mascara o problema. Ele defende
uma total reforma nos processos
seletivos. "Hoje, o aluno da escola
pública aprende somente 15% do
que o vestibular cobra. Tudo beneficia os já privilegiados."
O presidente da Ubes (União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Thiago Franco, diz que
a medida é positiva porque busca
"valorizar o ensino público". Mas
ele afirma que não há garantias de
que funcione e, por isso, é necessário a implantação de cotas.
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