|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fantasiado, funk também põe seus blocos na rua
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Tradição nos dias de folia do
subúrbio carioca, os bate-bolas
deram um novo ritmo ao carnaval do Rio. As turmas de mascarados trocaram o samba pelo
funk e saem hoje para desfilar.
Coloridos, barulhentos e
sempre cobertos da cabeça aos
pés, os integrantes dos grupos
de bate-bolas gravam, inclusive, "batidões" para animar as
suas festas, quase sempre realizadas nas ruas de bairros das
zonas norte e oeste do Rio.
"O funk é mais embalado. O
samba nunca deixará o Carnaval, mas o grito de guerra das
turmas fica bem melhor com o
ritmo e a batida do funk", disse
o segurança Marcio Manga, 31,
um dos líderes da Turma do
Cobra, uma das mais famosas
da cidade. Neste ano, o grupo
sairá pelas ruas do Rio com cerca de 50 integrantes.
Em Marechal Hermes, reduto histórico dos grupos, quase
todas as turmas já fizeram os
seus hinos para o Carnaval
2007 em ritmo funk.
"O carnaval tem sempre que
se reinventar. Esta é uma contribuição nossa para a festa",
disse o pirotécnico Cláudio
Marcio Ribeiro, 34, líder da
Turma da Amizade.
As roupas pesam cerca de 7
quilos e são caras. A média é R$
800 pela fantasia. "Quase tudo
é feito de forma exclusiva e leva
uma série de materiais especiais. Na verdade, fica uma sauna. Perco muito peso durante
os dias de Carnaval, mas vale a
pena", disse Sales, que montou
uma espécie de barracão nos
fundos da sua casa.
Os grupos tem um estrutura
pequena, que lembra a dos antigos blocos. No barracão da
Magia, cerca de 12 homens trabalhavam na tarde de quarta.
Os bate-bolas tentam melhorar a imagem. No início da década, brigas entre turmas rivais
levaram confusão aos bailes populares nos bairros a algumas
mortes.
"Isso já acabou. Todos já se
conhecem e mudamos até a
roupa para tentar tirar esse estigma", disse Manga. A maioria
das turmas opta por estampas
infantis. Os personagens da
Disney são os preferidos.
Mudança dos tempos
Uma das poucas a estudar as
turmas de bate-bolas no mundo acadêmico, a mestranda Aline Gualda aprova a inclusão do
funk pelos grupos.
""Alguns críticos dizem que
isto deteriora a tradição, mas
vejo isto com naturalidade. É
mais uma sinal de mudança dos
tempos. Por isto, eles estão aí
até hoje", disse Aline, que deve
concluir o seu trabalho sobre as
turmas neste ano.
Texto Anterior: Folia no Rio tem início com desfile pela paz Próximo Texto: Pernambuco: Galo da madrugada cresce pelo frevo Índice
|