São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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Arroz e feijão são o principal prato de pobres e ricos

DA REPORTAGEM LOCAL

Na semana passada, a Folha acompanhou os jantares de duas famílias. Na quarta, visitou uma família de São Caetano do Sul (ABC paulista) que mora num bairro humilde, afastado do centro. Na noite seguinte, foi a uma casa que fica dentro dos muros de Alphaville, o condomínio de alto padrão em Barueri (Grande São Paulo). Apesar das diferenças sociais, as duas famílias comeram arroz e feijão.
A pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica confirma que essa é, de fato, a base da alimentação dos brasileiros, tanto no almoço como no jantar e sem importar a classe social. Ao arroz com feijão soma-se a carne.
Questionados sobre o que costumam comer no jantar, disseram arroz 72% dos entrevistados, feijão 63% e carne vermelha 47%. Comem verduras apenas 37%.
Segundo nutricionistas, essa combinação é saudável desde que as quantidades sejam razoáveis e que também haja verduras e legumes no prato.
"Arroz e feijão não podem faltar aqui em casa", afirma Sueli Souza Pereira, 47, que durante anos trabalhou como zeladora de prédio e agora cuida da casa, em São Caetano do Sul.
À mesa, na cozinha, estavam o marido, as duas filhas e o pai. Bebiam guaraná. Ao pé da mesa, a cadela Esmeralda, sem raça definida, sentia o cheiro do peixe frito e esperava um pedaço. "Sei que fritura não faz bem", admite Sueli, acrescentando, entre risos, não ter "dor de consciência" ao comer. "Até aceito ter problema de colesterol. Só não quero ficar de estômago vazio."
Em Alphaville, a família se reuniu na sala, sob o ar-condicionado e com a TV de plasma de 50 polegadas ligada no jornal. Além de arroz, feijão e salada, foi servida carne de panela.
"Foi minha mulher quem fez. Também gosto de cozinhar. Já fiz paella para 200 pessoas. Comer, para mim, é um prazer", diz o comerciante Emerson Edy Esquio, 54. Naquele dia, comeu com dois filhos, as cunhadas e o neto de 2 anos. Beberam suco de manga.
Na comparação de classes, a pesquisa mostra que as famílias com melhor nível socioeconômico consomem, no jantar, mais verduras. As humildes comem frango, pão e massas.
A nutricionista Andréa Ramalho, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que, mesmo entre as classes mais altas, come-se pouca verdura. "As pessoas às vezes entendem como salada uma folha de alface e uma rodela de tomate. Mas isso está distante de atender às necessidades do organismo." (RW)


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