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Arroz e feijão são o principal prato de pobres e ricos
DA REPORTAGEM LOCAL
Na semana passada, a Folha
acompanhou os jantares de
duas famílias. Na quarta, visitou uma família de São Caetano do Sul (ABC paulista) que
mora num bairro humilde,
afastado do centro. Na noite seguinte, foi a uma casa que fica
dentro dos muros de Alphaville, o condomínio de alto padrão em Barueri (Grande São
Paulo). Apesar das diferenças
sociais, as duas famílias comeram arroz e feijão.
A pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica confirma que essa
é, de fato, a base da alimentação dos brasileiros, tanto no almoço como no jantar e sem importar a classe social. Ao arroz
com feijão soma-se a carne.
Questionados sobre o que
costumam comer no jantar,
disseram arroz 72% dos entrevistados, feijão 63% e carne
vermelha 47%. Comem verduras apenas 37%.
Segundo nutricionistas, essa
combinação é saudável desde
que as quantidades sejam razoáveis e que também haja verduras e legumes no prato.
"Arroz e feijão não podem
faltar aqui em casa", afirma Sueli Souza Pereira,
47, que durante anos
trabalhou como zeladora de prédio e agora
cuida da casa, em São
Caetano do Sul.
À mesa, na cozinha, estavam o marido, as duas filhas e
o pai. Bebiam guaraná. Ao pé da mesa, a cadela Esmeralda, sem raça definida, sentia o cheiro do peixe frito e esperava um pedaço.
"Sei que fritura não
faz bem", admite Sueli, acrescentando, entre risos, não ter "dor de
consciência" ao comer.
"Até aceito ter problema
de colesterol. Só não quero
ficar de estômago vazio."
Em Alphaville, a família se
reuniu na sala, sob o ar-condicionado e com a TV de plasma
de 50 polegadas ligada no jornal. Além de arroz, feijão e salada, foi servida carne de panela.
"Foi minha mulher quem
fez. Também gosto de cozinhar. Já fiz paella para 200
pessoas. Comer, para mim, é
um prazer", diz o comerciante
Emerson Edy Esquio, 54. Naquele dia, comeu com dois filhos, as cunhadas e o neto de 2
anos. Beberam suco de manga.
Na comparação de classes, a
pesquisa mostra que as famílias com melhor nível socioeconômico consomem, no jantar,
mais verduras. As humildes comem frango, pão e massas.
A nutricionista Andréa Ramalho, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diz que, mesmo entre as classes mais altas, come-se
pouca verdura. "As pessoas às
vezes entendem como salada
uma folha de alface e uma rodela de tomate. Mas isso está
distante de atender às necessidades do organismo."
(RW)
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