São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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Apreensão de ecstasy no país aumenta 1.713% em um ano

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O volume de ecstasy apreendido no Brasil teve um aumento de 1.713% no ano passado -passou de 12 mil unidades em 2006 para 211 mil comprimidos da droga em 2007.
Somente em São Paulo foram 60 kg (aproximadamente 224.300 comprimidos) em 2007, ante 8,3 kg (cerca da 33.750 unidades) no ano anterior, mais de 600% de acréscimo nas apreensões.
De acordo com a Polícia Federal, cresceu também a participação de jovens de alto poder aquisitivo no transporte da droga. Um agente da PF em São Paulo, que pediu para não ter seu nome publicado pela reportagem, afirma que "geralmente são praticantes de esportes radicais, fluentes em inglês".
Segundo ele, os envolvidos normalmente são usuários que foram recrutados em festas ou que resolveram fazer um investimento próprio buscando a droga no exterior para revender aos amigos no Brasil.
Longe do estereótipo do tráfico em favelas, a venda de ecstasy e LSD (ácido lisérgico) ocorre em um ambiente familiar aos jovens de alto poder aquisitivo e é vista por muita gente como uma espécie de ação entre amigos -que não consideram que quem vende a droga seja um traficante.

Demanda
Comercializado na forma de comprimidos, o ecstasy, denominação da droga sintética metanfetamina (MDMA), tem ascendido no ranking de apreensões da polícia por vários motivos, de acordo com a avaliação do departamento de repressão a entorpecentes da Polícia Federal, o CGPRE (Coordenação Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes).
Um deles é que sua demanda aumentou com a disseminação das raves - festas ao ar livre, de longa duração e com música eletrônica. Outro fator é a própria lei de mercado.
"O narcotráfico tem um caráter empresarial e dá preferência ao produto mais lucrativo do momento, e o ecstasy hoje está na moda", afirmou Marcello Diniz Cordeiro, que é chefe do CGPRE.

Moeda
Uma outra razão para o crescimento das apreensões pela polícia é que o fluxo do tráfico passou por uma inversão.
Se antes o Brasil representava uma escala no escoamento de cocaína rumo aos Estados Unidos e à Europa, atualmente ele passou a ser também destino de drogas sintéticas produzidas em países europeus.
A cocaína que sai do Brasil hoje em dia está sendo usada como uma moeda para pagamento na compra de ecstasy na Europa. A mula [pessoa que transporta] leva cocaína do país e volta trazendo ecstasy, conforme relata um agente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, que também pediu para não ser identificado pela reportagem.


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