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Amistad? Amizade? Amizade o caramba!
MARILENE FELINTO
da Equipe de Articulistas
"Afriques: Comment Ça Va
Avec la Douleur?" África: Como Vai Essa Dor? O melhor filme que já se fez sobre os destinos da raça negra no mundo,
do diretor-fotógrafo Raymond
Depardon, não recebeu nenhuma indicação ao Oscar.
Sobre esse filme -que se restringe a registrar, com uma câmera em movimentos circulares de 360º, o genocídio contínuo de uma raça, que se arrasta da era da escravidão até os
dias de hoje-, sobre esse filme
não se fez um terço do estardalhaço que se faz agora por conta de "Amistad", épico de Steven Spielberg sobre a escravidão de negros no século 19.
"Amistad", que estréia no
próximo dia 20, é baseado no
episódio histórico verídico de
um motim de 53 escravos africanos no navio negreiro espanhol "La Amistad", que seguia
para Cuba mas, sem comando,
vai parar nos Estados Unidos.
Acusados de assassinato e pirataria, os escravos insurrectos
são presos e julgados por um
tribunal americano que precisa decidir se eles voltariam livres para a África ou como escravos para a Espanha.
Filme político de Spielberg
que, ademais do valor estético
(que o diretor manipula com
perfeição), não equivale senão
a uma espécie de patética expiação de culpa da raça branca colonizadora.
O épico de tribunal está aí
mais para glorificar o herói
branco e a fundação do sistema legal americano do que para reparar o drama da raça
negra ou destacar seu personagem principal, o líder da rebelião, espécie de Zumbi do tráfico espanhol chamado Sengbe
Pieh (que os espanhóis pronunciavam "Cinqué"), um nativo de Serra Leoa.
Tanto não está que o único
indicado ao Oscar do filme
não é nenhum ator negro. É o
branco Anthony Hopkins, que
interpreta um falso abolicionista presidente John Quincy
Adams.
O épico de tribunal está aí
para fazer valer a ONG Spielberg da compaixão humanitária, para realizar em ficção o
sonho impossível dos judeus
progressistas (Spielberg é judeu), de que negros e judeus
deveriam se unir como raças
injustiçadas, como se gozassem de igual status no mundo
-ora, os judeus, ao contrário
dos negros, são raça endogâmica, têm dinheiro, a mídia e
a imprensa mundial a seu favor.
Os US$ 70 milhões gastos em
"Amistad", Spielberg devia ter
doado aos perseguidos de
Ruanda ou do Burundi. Era
dinheiro melhor empregado.
Durante o quase um século de
apartheid na África do Sul, os
EUA (e o dinheiro judeu) nunca deram um passo significativo contra o genocídio.
Amizade efetiva entre raças,
somente nas classes baixas: negro com branco, branco com
índio etc., contanto que se
unam, somem salários pequenos e sobrevivam. Só por isso
não há racismo entre pobres,
questão de sobrevivência.
Das classes médias para cima, branco casa com branco,
dorme com branco. Contato
íntimo com negro é coisa para
uma vez, para satisfazer a curiosidade sexual, tocar o diferente, o cabelo crespo, a pele
sedosa, o sexo escuro, o pênis
grande dos homens negros.
Amizade... o caramba!
E-mail mfelinto@uol.com.br
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