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Ordem de secretário irrita comando dos bombeiros
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O comando do Corpo de Bombeiros do Rio reagiu com irritação
à ordem do secretário de Segurança, general Nilton Cerqueira, para
que os equipamentos antifogo sejam vistoriados diariamente.
Designado pelo comandante dos
bombeiros, coronel Rubem Jorge
Cardoso, para falar à Folha sobre
o incêndio no Santos Dumont, o
tenente-coronel Jorge Lopes considerou "totalmente desnecessária" a ordem de Cerqueira.
"A inspeção diária já é feita. Faz
parte da nossa rotina. Ele (Cerqueira), certamente, não sabe disso. A determinação do general é
totalmente desnecessária. Vamos
informar a ele que a inspeção nos
equipamentos é permanente",
afirmou Lopes, 50.
Ontem de manhã, umas das primeiras providências do secretário
foi preparar um ofício determinando ao comandante-geral dos
bombeiros a inspeção diária dos
equipamentos.
As cenas mostradas pela televisão, com bombeiros tentando
combater o fogo com mangueiras
furadas, irritaram Cerqueira. O secretário terá, hoje de manhã, reunião com o coronel Cardoso e com
outros dirigentes da Secretaria de
Segurança.
A ordem escrita de Cerqueira revoltou os oficiais que comandam
o Corpo de Bombeiros, conforme
a Folha apurou. Eles avaliam que a
corporação está sendo apontada,
injustamente, como responsável
pela destruição do aeroporto.
O tenente-coronel Jorge Lopes
defendeu de forma veemente a
atuação dos bombeiros.
"O incêndio chegou àquelas proporções porque não nos chamaram em tempo hábil", disse.
Segundo Lopes, a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura
Aeroportuária) não alertou o Corpo de Bombeiros sobre o incêndio.
"O relógio eletrônico do aeroporto parou à 1h05. Fomos chamados às 2h10, por rádio, por uma
patrulha da PM que passava lá."
O oficial afirmou que as mangueiras -feitas de cânhamo, com
revestimento interno de borracha- não estão em mau estado.
Segundo ele, o número de mangueiras furadas foi pequeno.
"Usamos mais de 300 mangueiras no incêndio. Não furaram
mais de três. A televisão só mostra
a mangueira furada, não a que
funciona. Temos, em quantidade e
qualidade, material de bombeiros
de Primeiro Mundo", afirmou.
O Corpo de Bombeiros também
nega que tenha havido falta de
água. Lopes disse que os bombeiros chegaram ao aeroporto com 12
mil litros. "Quando chegamos lá,
já era um grande incêndio. Não há
Corpo de Bombeiros no mundo
capaz de apagar aquele fogo."
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