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Documento perdido condena rapaz
da Agência Folha
O auxiliar de escritório Wilson
Pereira dos Santos, 27, de Itapeva
(SP), que perdeu a carteira de
identidade em 1994 e foi preso na
semana passada, terá de passar os
próximos seis meses reunindo evidências para provar que não participou de um assalto com tentativa
de assassinato em Sorocaba (SP).
Santos ficou preso na quarta e
quinta-feira da semana passada na
Delegacia Seccional de Itapeva
(270 km a oeste de São Paulo).
Um assaltante, de identidade
desconhecida, deixou seus documentos na cena do crime, ocorrido em 94. O crime aconteceu um
mês após ele ter perdido os documentos.
Santos só descobriu que a Justiça
havia expedido mandado de prisão contra ele na última terça-feira, quando foi retirar um atestado
de antecedentes criminais da delegacia seccional para ser usado em
um concurso na própria Prefeitura de Itapeva, onde trabalha. No
dia seguinte, foi preso.
Parentes, funcionários da prefeitura, amigos e o delegado seccional de Itapeva reuniram-se na última sexta-feira com o juiz de Sorocaba Jayme Walmer de Freitas
-que condenou Santos em 1994 à
revelia-, que optou por acatar o
pedido de suspensão da ordem de
prisão por seis meses, até que Santos prove que é inocente.
Pelo processo, um taxista teria
sido atacado por dois homens,
que o roubaram e o mataram.
Eles fugiram, deixando no local
uma bolsa com a carteira de identidade de Santos -única prova
contra ele.
A sentença condenou um assaltante conhecido como "Gil" e Santos por crime de roubo qualificado
e tentativa de assassinato. "Gil" foi
preso ainda em 1994. Santos foi
notificado pelo "Diário Oficial", e,
não sabendo do fato, foi julgado à
revelia.
O advogado de Santos, Nilton
del Rio, afirmou que deve entrar
amanhã com um pedido formal de
habeas corpus e de liminar para
suspensão provisória do cumprimento do mandado de prisão para, enquanto isso, juntar provas
de que, no dia do assalto, Santos
encontrava-se em uma festa de casamento e de que havia perdido os
documentos cerca de um mês antes.
O advogado terá de solicitar
também a liberação da carteira de
identidade usada no crime pelo
qual Santos foi condenado -o
documento já foi arquivado pela
Justiça de Sorocaba. Posteriormente, Del Rio deverá solicitar à
Justiça uma ação de revisão criminal.
Santos encontrava-se ontem incomunicável no sítio de um parente. Sua irmã, Waldiméia Pereira dos Santos, afirmou ontem que
a situação pela qual seu irmão passou foi "humilhante". "Psicologicamente, ele está arrasado. Não só
ele, todos nós também", disse.
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