São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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ENTREVISTA

ONGs querem fazer alerta sobre hepatite C

DA REPORTAGEM LOCAL

Médicos, familiares e vítimas da hepatite C estão se reunindo em organizações não-governamentais (ONGs) para alertar as pessoas sobre a gravidade da doença e cobrar atenção do governo. Pretendem seguir a mesma estratégia das ONGs ligadas à Aids, que ganharam o apoio da mídia, mobilizaram a sociedade e conseguiram do governo programas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
O quadro da hepatite C é mais preocupante que o da Aids: ela afeta sete vezes mais pessoas que os portadores do HIV, 90% dos infectados não sabem que têm o vírus e 30% desconhecem como o pegaram. "Como as pessoas não associam a hepatite C a comportamentos de risco, elas não imaginam que estão correndo risco", diz Evaldo Affonso de Araújo, infectologista do Hospital Guilherme Álvaro, de Santos, e diretor técnico do Grupo Esperança.
Na semana passada, o grupo reuniu 14 associações no 1º Encontro Nacional dos Grupos de Apoio aos Portadores de Hepatite C, que terminou com a Carta de Santos, enviada ao ministro Barjas Negri, da Saúde.
"Diagnóstico e tratamento adequados são fundamentais para evitar os altos custos sociais e econômicos da doença", diz Araújo. Em cerca de 20% dos infectados, a doença vai se tornar crônica, evoluindo para a cirrose, o câncer de fígado ou formas mais leves da doença. Muitos pacientes vão precisar de transplante de fígado.
Abaixo, trechos da entrevista concedida pelo médico.
(AURELIANO BIANCARELLI)

Folha - Quem deve fazer exame para a hepatite C?
Evaldo Affonso de Araújo
- As pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993, compartilharam seringas ou se submeteram a procedimentos odontológicos ou cirúrgicos com risco de transmissão pelo sangue.

Folha - Como se pega hepatite C?
Araújo
- Por via sanguínea, em transfusão ou uso de droga injetável. E pelo compartilhamento de objetos que possam conter sangue, como instrumental médico-cirúrgico e objetos de higiene íntima, como alicate de unha. A transmissão sexual e da mãe para o filho pode ocorrer, mas com menos frequencia.

Folha - O que é fundamental no combate à hepatite C?
Araújo
- A triagem, por exame sorológico, depois o teste confirmatório, por biologia molecular (PCR), e a biópsia hepática em caso de confirmação. Esses testes definem quais pacientes deverão ser tratados prioritariamente.

Folha - Qual a importância dos grupos de apoio?
Araújo
- Aprendemos com a Aids que informação e mobilização são fundamentais no combate a uma doença. E a hepatite C tem a agravante de ser uma doença silenciosa, que, quando se manifesta, já causou sérios danos.


Mais informações no site www.grupoesperanca.hpg.com.br

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