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ENTREVISTA
ONGs querem fazer alerta sobre hepatite C
DA REPORTAGEM LOCAL
Médicos, familiares e vítimas da
hepatite C estão se reunindo em
organizações não-governamentais (ONGs) para alertar as pessoas sobre a gravidade da doença
e cobrar atenção do governo. Pretendem seguir a mesma estratégia
das ONGs ligadas à Aids, que ganharam o apoio da mídia, mobilizaram a sociedade e conseguiram
do governo programas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
O quadro da hepatite C é mais
preocupante que o da Aids: ela
afeta sete vezes mais pessoas que
os portadores do HIV, 90% dos
infectados não sabem que têm o
vírus e 30% desconhecem como o
pegaram. "Como as pessoas não
associam a hepatite C a comportamentos de risco, elas não imaginam que estão correndo risco",
diz Evaldo Affonso de Araújo, infectologista do Hospital Guilherme Álvaro, de Santos, e diretor
técnico do Grupo Esperança.
Na semana passada, o grupo
reuniu 14 associações no 1º Encontro Nacional dos Grupos de
Apoio aos Portadores de Hepatite
C, que terminou com a Carta de
Santos, enviada ao ministro Barjas Negri, da Saúde.
"Diagnóstico e tratamento adequados são fundamentais para
evitar os altos custos sociais e econômicos da doença", diz Araújo.
Em cerca de 20% dos infectados, a
doença vai se tornar crônica, evoluindo para a cirrose, o câncer de
fígado ou formas mais leves da
doença. Muitos pacientes vão
precisar de transplante de fígado.
Abaixo, trechos da entrevista
concedida pelo médico.
(AURELIANO BIANCARELLI)
Folha - Quem deve fazer exame
para a hepatite C?
Evaldo Affonso de Araújo - As
pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993, compartilharam seringas ou se submeteram a procedimentos odontológicos ou cirúrgicos com risco
de transmissão pelo sangue.
Folha - Como se pega hepatite C?
Araújo - Por via sanguínea, em
transfusão ou uso de droga injetável. E pelo compartilhamento de
objetos que possam conter sangue, como instrumental médico-cirúrgico e objetos de higiene íntima, como alicate de unha. A
transmissão sexual e da mãe para
o filho pode ocorrer, mas com
menos frequencia.
Folha - O que é fundamental no
combate à hepatite C?
Araújo - A triagem, por exame
sorológico, depois o teste confirmatório, por biologia molecular
(PCR), e a biópsia hepática em caso de confirmação. Esses testes
definem quais pacientes deverão
ser tratados prioritariamente.
Folha - Qual a importância dos
grupos de apoio?
Araújo - Aprendemos com a
Aids que informação e mobilização são fundamentais no combate a uma doença. E a hepatite C
tem a agravante de ser uma doença silenciosa, que, quando se manifesta, já causou sérios danos.
Mais informações no site www.grupoesperanca.hpg.com.br
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