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ÔNIBUS
Instituto presidido por mulher do secretário dos Transportes fez consultoria para empresa Sambaíba no ano passado
Mulher de secretário trabalhou para viação
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma empresa de ônibus concessionária da prefeitura contratou, no ano passado, o instituto
presidido pela mulher do secretário municipal dos Transportes,
Frederico Bussinger, para realizar
um serviço de consultoria.
A viação Sambaíba firmou contrato com o Idelt (Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente), dirigido
por Vera Bussinger, para estudar
a viabilidade de um serviço de
balsas pelo rio Tietê, entre a zona
leste e a ponte das Bandeiras.
A informação sobre esse contrato surgiu um dia depois de o governo José Serra (PSDB) ter decidido cancelar a contratação do
Idelt, feita sem licitação, por R$
948.750. O contrato foi revelado
pela Folha anteontem.
O empresário Carlos Alberto
Fonseca, dono da Sambaíba, confirmou à assessoria da SP Urbanuss (sindicato das empresas de
ônibus) que contratou o Idelt. O
valor, porém, não foi divulgado.
De acordo com o sindicato, a
contratação foi sugerida ao empresário por um consultor. Fonseca disse desconhecer se Bussinger sabia do negócio.
O Idelt teve Bussinger entre seus
fundadores, em 1996. O secretário
se desligou da entidade.
O contrato entre o Idelt e a Sambaíba foi revelado ontem pelo vereador Antonio Carlos Rodrigues
(PL) durante a audiência na Câmara em que Bussinger falava sobre os impasses nos contratos da
prefeitura com as viações.
Queixando-se dos valores recebidos, as concessionárias ameaçaram, na semana passada, romper
os contratos de forma unilateral.
A Folha telefonou para Fonseca, mas ele não ligou de volta.
Após a audiência, que durou
seis horas, Bussinger, durante entrevista, nem confirmou nem negou o eventual contrato -disse
que iria verificar com sua mulher.
Questionado sobre o que faria
se o contrato realmente existisse,
ele não respondeu. ""Quando me
casei, minha mulher já era uma
profissional experiente, e separamos a questão profissional da
pessoal. Não vamos tratar desses
assuntos familiarmente."
Procurado ontem à tarde, o
Idelt não respondeu aos pedidos
de entrevista. O instituto, mesmo
antes de Bussinger assumir a secretaria, já havia dado consultoria
a empresas de ônibus.
Contrato rompido
A gestão Serra rompeu o contrato entre o Idelt e a Secretaria do
Trabalho, que pagaria R$ 948.750
para que, durante nove meses,
profissionais do instituto dessem
cursos de capacitação para a
construção de calçadas e para atividades como auxiliar de serviços
gerais e de escritórios.
A contratação se baseou em um
artigo da lei que permite a dispensa de licitação, em alguns casos, a
instituições sem fins lucrativos.
O secretário do Trabalho, Gilmar Viana Conceição, informou
ontem ter decidido pela rescisão
"de modo a não alimentar dúvidas sobre qualquer hipótese de favorecimento", embora houvesse
um "ato jurídico perfeito" e "extensa documentação comprobatória de qualificação técnica, habilitação e regularidade fiscal por
parte da entidade selecionada".
Segundo a pasta, "os cursos de
qualificação em andamento serão
concluídos e os beneficiários receberão as bolsas na forma da lei".
A secretaria não informou ontem como será a continuidade das
aulas e se haverá licitação para
contratar uma outra instituição.
Na última terça-feira, a pasta
defendia a regularidade do contrato e dizia não ver conflito ético
no fato de a entidade escolhida
sem concorrência pública ser ligada a um membro da gestão Serra.
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