São Paulo, Quarta-feira, 17 de Março de 1999
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Faria Lima deixa o PPB depois da punição de dois vereadores

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

O vereador Paulo Roberto Faria Lima anunciou ontem sua saída do PPB. A decisão ocorreu um dia após a direção do partido expulsar o vereador Vicente Viscome e suspender o deputado estadual Hanna Garib, acusados de envolvimento com a máfia de corrupção.
O nome de Faria Lima também surgiu em denúncias que ainda estão sendo apuradas pelo Ministério Público e pela polícia.
Ex-fiscais da Regional Pinheiros, que era controlada politicamente pelo parlamentar, disseram à polícia que tiveram de comprar ingressos para um jantar da campanha do pai do vereador. Além dos ex-fiscais, um comerciante afirmou que teve que comprar o ingresso para obter um alvará.
Faria Lima não comenta as denúncias. Sobre a saída do PPB, ele diz apenas que foi uma decisão provocada por motivos pessoais.
Ele nega que a decisão tenha relação com a punição de Garib e Viscome ou que tem receio de ser punido pelo partido pelo fato de as denúncias sobre a máfia terem envolvido seu nome.
O presidente da direção estadual do PPB, Marcelino Romano Machado, não havia sido informado sobre a decisão de Faria Lima até ontem à tarde.
Ele disse que o vereador não tinha feito nenhuma reclamação ao partido. Segundo Machado, o PPB não tinha prova do envolvimento do vereador no esquema para discutir sua punição. "O nome de Faria Lima aparece apenas como citação, mais nada."

Debandada
A saída de Faria Lima do PPB é a segunda baixa oficial do partido, que já teve 21 vereadores. O primeiro a sair foi Bruno Feder.
A maior bancada da Câmara tem agora 18 vereadores (a segunda maior, o PT, tem nove), mas pode perder mais vereadores.
Ontem, o presidente da Câmara, Armando Mellão, não descartou a possibilidade de engrossar a lista dos vereadores sem partido.
"Se eu estudo isso, queria pedir licença para resolver com a minha consciência", disse.
O vereador Alan Lopes é outro que não nega nem confirma sua saída do partido. "Estava em negociação com outro partido, mas essa conversa esta parada", disse.
A explicação para o que está acontecendo com o PPB, segundo a Folha apurou, envolve, além de motivos pessoais, a reclamação da bancada sobre os efeitos negativos que os vereadores estão enfrentando com as mudanças de posição ordenadas pela liderança.
No caso da votação da CPI, por exemplo, por falta de acordo parte dos vereadores pepebistas votou a favor da comissão.
Depois de a proposta ser vetada, um novo pedido para apurar as denúncias da máfia foi feito e todos os pepebistas votaram a favor.
O balanço que os vereadores fazem é que o ônus de ter mudado de opinião recaiu sobre eles, não sobre a liderança.
Uma debandada no PPB também pode acontecer pela falta de comunicação na bancada. Ontem, vereadores da própria bancada não sabiam que o partido tinha um novo líder na Câmara.
A mudança aconteceu na sexta-feira passada. Cosme Lopes se afastou do cargo e deixou no lugar o vereador Paulo Frange.


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