São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAS Vereador (PMDB) é acusado de obter vantagens indevidas do antigo Módulo 3

Jooji Hato tem sigilo quebrado

ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O vereador Jooji Hato (PMDB) e a sua mulher, Marlene Vatutin, tiveram a quebra de sigilo fiscal e bancário, do período de 1997 a 1998, decretada pelo juiz auxiliar corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), Julio Caio Farto.
Hato e sua mulher são acusados, pela Promotoria, de controlar politicamente o antigo Módulo 3 -região de Ipiranga e Sapopemba- do extinto PAS (Plano de Atendimento à Saúde) e de obter vantagens indevidas.
O peemedebista é o único vereador a ter o seu sigilo quebrado nas investigações sobre o plano, que começaram em 1996, quando foi implantado.
O PAS também está sendo investigado pela Câmara. A relatora da CPI, criada em fevereiro, é a vereadora Myryan Athié (PMDB).
O inquérito que resultou no pedido da quebra de sigilo pelo promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação e Repressão ao Crime Organizado), em 21 de março, apura os supostos crimes de estelionato e de tráfico de influência no módulo.
A decisão do juiz saiu dois dias após o pedido. Segundo o Tribunal de Justiça, o juiz decretou sigilo por causa dos dados.
Também tiveram a quebra de sigilo decretada o ex-diretor do módulo Altino Pinheiro, os três sócios da JR, gerenciadora do PAS 3, Mario de Faria Gomes, Luiz Augusto Ramos e Jairo Luiz Ramos, e os donos de duas empresas que teriam fornecido produtos hospitalares para a cooperativa.
A investigação da polícia sobre o Módulo 3, que começou na época da máfia da propina, em maio de 1999, indicou superfaturamento nas compras da cooperativa e que as empresas fornecedoras eram "fantasmas". O inquérito constatou ainda a emissão de notas frias pelas empresas.
Um levantamento da Secretaria da Saúde, em 1999, revelou o sumiço de mais de R$ 1 milhão de equipamentos nas unidades do antigo Módulo 3.
No pedido da quebra de sigilo, a Promotoria afirma que Hato e sua mulher "participaram de um esquema criminoso com fim predeterminado de abusar da função pública para obter vantagens na realização de sua campanha". O vereador concorreu ao Senado, em 1998, pelo PMDB.
Já Altino Pinheiro, que seria o responsável pelo recebimento da verba da prefeitura e o repasse às empresas, não administraria os recursos de forma adequada. A JR, que recebia 4% do montante destinado à cooperativa, teria de fiscalizar o ocorrido.

Outro lado
De acordo com a assessoria de imprensa de Hato, o vereador estava viajando ontem e não foi localizado. Quando foi feito o pedido pela Promotoria, Hato disse à Folha considerar positiva a investigação para não ser mais alvo de calúnias. Ele também disse que a denúncia contra a sua mulher não tinha fundamento.
O advogado de Pinheiro, Carlos Kauffmann, disse que ele já esperava a decisão do juiz, mas que a quebra de sigilo não trará nenhuma novidade contra o seu cliente, que, segundo ele, é inocente. Os sócios da JR Mario Gomes e Luiz Ramos não responderam aos recados deixados pela reportagem.


Texto Anterior: Câmara municipal: Pitta depõe e dribla CPI da Dívida Pública
Próximo Texto: Sabesp: Racionamento começa para 300 mil pessoas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.