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ADMINISTRAÇÃO
Vereadores criticam iniciativa para assegurar maioria na Câmara; prefeita nega loteamento das regionais
Marta barganha cargos e abre crise no PT
JOÃO CARLOS SILVA
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A prática da gestão Marta Suplicy de ceder cargos na administração a vereadores em troca de
apoio provocou uma crise no PT:
integrantes do partido agora se
manifestam publicamente sobre a
questão e, segundo a Folha apurou, três regionais já deixaram o
governo por discordarem da "política de governabilidade" da administração Marta.
A crise deve aumentar com a
decisão de expulsar o vereador
Carlos Giannazi, ontem à noite.
A prefeita afastou, anteontem, o
petista Mário Sérgio Bortoto da
regional de Perus (zona norte),
por ele se opor à nomeação de
funcionário ligado ao PFL.
"Não é só nesta regional [a de
Perus" que houve indicação [de
vereadores"", disse o vereador
Carlos Néder (PT).
"A indicação tem que ser feita
pela competência. Tem de ser
uma pessoa com compromissos
com a ética e com capacidade para o cargo. A indicação deve ser da
prefeita e não deve haver interferência do Legislativo", defendeu o
vereador Nabil Bonduki (PT).
O desentendimento entre grupos petistas envolve a posição histórica do partido, que sempre se
opôs ao uso das administrações
regionais como moeda de troca, a
exemplo do que ocorreu nas gestões Paulo Maluf e Celso Pitta.
Já o núcleo político da gestão
alega que é preciso ter maioria na
Câmara para haver governabilidade. Marta não possui o apoio
de, no mínimo, 28 vereadores para votar projetos de seu interesse,
como o das subprefeituras.
A aliança que a elegeu (PT, PC
do B, PSB, PPS e PDT) soma hoje
25 votos. Por essa razão, a prefeita
barganha com partidos, como o
PMDB (5 votos), cargos em troca
de votos no Legislativo. Essas negociações já envolveram também
ofertas ao PL (4) e ao PFL (2), segundo a Folha apurou.
A discussão sobre o destino dos
cargos se arrasta desde o final do
ano passado, quando o assunto
foi discutido em um encontro de
seis regionais com a prefeita e o
secretário Rui Falcão (Governo).
Os seis foram se posicionar contra
o loteamento dos órgãos.
Desse grupo de opositores ao
pragmatismo petista, três já deixaram o governo ou foram exonerados: Leda Aschermann (Campo
Limpo, contrária a beneficiar o
PL), Eduardo José Siqueira Barbosa (Butantã) e Bortoto.
Na Câmara, avalia-se que os outros participantes do encontro
-os petistas Odilon Guedes (Jabaquara), Neli Márcia Ferreira
(Freguesia do Ó) e Givaldo de
Souza Cunha (Pirituba)- podem
ser as próximas vítimas da política do "é dando que se recebe".
Ontem, cerca de 80 manifestantes foram à Administração Regional de Perus com faixas contra
Marta e o PT: "Dona Marta: Perus
não aceita atos arbitrários" e "Onde está a democracia do PT?".
"Esse episódio é bastante elucidativo, porque ele [Bortoto" ficou
em primeiro lugar na avaliação
dos regionais [segundo pesquisa
de 2001 feita pela administração".
Então, qual é a lógica de tirá-lo de
lá?", disse o vereador Néder.
A explicação de Marta
A prefeita negou ontem o loteamento de cargos. "Deus me livre,
como inventam coisa. Não tem
loteamento nenhum." Mas ela se
negou a explicar a exoneração de
Bortoto. "É uma mudança que foi
necessária fazer, e eu não tenho
que entrar em mais detalhes."
"Não existe indicação. Quem fala isso está completamente equivocado", disse José Mentor, líder do PT na Câmara.
Do grupo que deixou o governo, Leda e Bortoto afirmam que
não receberam da administração
uma explicação sobre o motivo de
suas demissões. Cunha estava viajando ontem e não foi localizado.
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