|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Por 30 votos a 12, diretório municipal decidiu dar punição máxima a Giannazi; houve quebra-quebra após decisão
PT expulsa vereador que votou contra Marta
DA REPORTAGEM LOCAL
Por 30 votos a 12, o Diretório
Municipal do PT decidiu, na noite
de ontem, expulsar o vereador
Carlos Giannazi -por ter votado
contra a proposta da prefeita
Marta Suplicy (PT) de incluir
mais gastos na verba destinada à
educação. A decisão ocorreu um
dia depois de o pré-candidato do
PT à Presidência, Luiz Inácio Lula
da Silva, ter dito que considerava
um exagero dar a punição máxima ao parlamentar.
Após o anúncio da decisão,
pouco antes da meia-noite, cerca
de 300 militantes, que estavam no
local desde o início da votação, invadiram o diretório, na Vila Mariana (zona sul), e começaram um
quebra-quebra. O secretário municipal dos Transportes, Carlos
Zarattini, foi agredido e ficou com
o nariz sangrando. Manifestantes
também tentaram atingir o vereador João Antônio.
"Este é o dia mais triste da minha vida", disse o vereador Giannazi após saber da decisão. Ele deve recorrer ao diretório estadual
do partido. Desde que a comissão
de ética sugeriu sua expulsão, na
semana passada, ele procurou lideranças do PT para tentar reverter o quadro.
O clima foi tenso durante toda a
reunião. Até meia-noite e meia, o
presidente do diretório municipal, Ítalo Cardoso, que era favorável à expulsão, e petistas ligados
ao governo continuavam na sede
do diretório na tentativa de evitar
novos confrontos com os partidários de Giannazi, que permaneciam do lado de fora.
Antes da votação, Ítalo Cardoso
afirmou a jornalistas que a declaração de Lula deveria pesar na decisão dos petistas a favor de Giannazi. Mesmo assim, ele manteve
posição favorável à expulsão do
vereador, que estava suspenso do
partido desde o final de 2001.
Segundo Cardoso, o vereador
vem se posicionando contrário ao
governo na Câmara e o julgamento no diretório era a ocasião de escolher entre defender Giannazi ou
defender o partido.
Além da proposta da expulsão,
os integrantes do diretório chegaram a cogitar a opção de uma pena mais branda, como a suspensão por um ano.
Também foram cogitadas as
opções de suspensão por seis meses, por dois anos ou até o final do
mandato de vereador, que dura
quatro anos.
Na opinião de Giannazi, a inclusão de gastos com uniformes e
projetos sociais como Renda Mínima, Bolsa Trabalho e Começar
de Novo diminuem o percentual
de investimento em educação de
30% para 25%.
Giannazi afirmou durante seu
depoimento que não há nada no
estatuto do partido que proíba
um parlamentar de se posicionar
segundo sua posição pessoal. Segundo ele, por ser diretor de escola e por ter sido presidente da CPI
da Educação, não poderia ser a favor do projeto da prefeita.
"Pedimos o impeachment do
Pitta pela não-aplicação dos 30%,
como poderia votar a favor do
projeto?", disse Giannazi à Folha
na semana passada.
O caso provocou um racha na
bancada do PT na Câmara. Vereadores como Carlos Neder, Nabil Bonduki, Lucila e José Eduardo Cardozo se manifestaram publicamente contra a expulsão.
Mas vereadores mais ligados ao
governo, segundo Giannazi, estariam favoráveis à expulsão.
Os cerca de 300 manifestantes,
entre militantes, membros de outros diretórios do partido, de associações de professores e de sindicatos, além de vereadores do PT
de cidades do interior, receberam
Giannazi como um herói na chegada para o julgamento.
"Que as vozes da militância e de
toda a população possam ser ouvidas. Não vou sair do PT, vou
continuar lutando", disse ele.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frases Índice
|