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POLÍCIA RODOVIÁRIA
Militar sai dois meses após a Folha ter divulgado as suspeitas
Diretor é exonerado após denúncias de irregularidades
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor-geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal,
Álvaro Henrique Vianna de Moraes, foi exonerado, dois meses
depois de terem sido divulgadas,
pela Folha, suspeitas de várias irregularidades em sua gestão.
A edição do "Diário Oficial" da
União de ontem publica a exoneração de Moraes, "a pedido", no
mesmo ato em que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
nomeia como substituto o superintendente do órgão no Paraná,
o inspetor Hélio Cardoso Derene.
O nome do novo dirigente havia
sido enviado à Casa Civil pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, há mais de um mês.
A situação de Moraes, general
da reserva que assumiu o cargo
em dezembro de 1999, ficara insustentável com a confirmação de
que, sendo dirigente de órgão vinculado à pasta da Justiça, deixara
de cumprir decisões judiciais.
No dia 14 de fevereiro, a Folha
revelou que o procurador regional da República Brasilino Pereira
dos Santos pedira à Justiça a decretação de busca e apreensão de
documentos na Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, ao investigar suspeita de fraude na aquisição, sem licitação, de 220 veículos
da General Motors, no fim de 95.
Também foi constatado que o
contrato, de R$ 8 milhões, exigia a
entrega de veículos com injeção
eletrônica, mas o órgão recebeu
modelos com carburador tradicional. Segundo o Ministério Público Federal, a investigação era
dificultada porque o órgão não
fornecia à Polícia Federal documentos para perícia. Moraes não
respondera a ofícios da PF e não
cumprira duas decisões judiciais.
Em dezembro de 2002, o corregedor-geral da Polícia Rodoviária
informara ao juiz da 12ª Vara Criminal do Distrito Federal, Marcus
Vinícius Reis Bastos, o desaparecimento do processo administrativo sobre a aquisição. Com a divulgação dos fatos, o ministro
Thomaz Bastos pediu a Moraes
esclarecimentos.
Dias depois, Moraes enviaria
ofício ao MPF, solicitando informar se teria havido determinação
judicial não atendida pelo órgão.
"A resposta, lamentavelmente, é
afirmativa", disse a Procuradoria.
Em janeiro, Thomaz Bastos havia sido procurado por petistas
insatisfeitos com a manutenção
de Moraes no órgão. Três parlamentares, liderados pelo deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR),
mostraram um relatório com outras supostas irregularidades na
gestão do militar.
Entre essas denúncias havia a
suspeita de superfaturamento em
outra aquisição de veículos, com
prejuízos de R$ 3,8 milhões, e supostas ilegalidades na compra de
helicópteros, em 2001.
Um mês antes, o Tribunal de
Contas da União enviara à Controladoria Geral da União cópia
do processo da compra dos helicópteros, destacando o "ilícito de
substituição de páginas do contrato". O dossiê, que Thomaz Bastos enviou à consultoria jurídica
da pasta, também apontava supostas irregularidades na prestação de serviços e no pagamento
de vantagens aos servidores.
Outro lado
O Departamento de Polícia Rodoviária Federal informou que o
diretor exonerado, Álvaro Henrique Vianna de Moraes, havia deixado o órgão, ontem de manhã,
não sendo possível localizá-lo.
Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, Thomaz Bastos
não iria comentar o caso, mas a
investigação seguirá. O novo diretor assume hoje.
Após a revelação das irregularidades, Moraes disse, em correspondência à Folha, que, "sendo
um servidor público com mais de
45 anos de serviços prestados ao
país", sentia-se "profundamente
ofendido por ter sido alvo de notícias inverídicas sem nenhuma
oportunidade de pronunciamento". Moraes foi procurado pelo
jornal antes da publicação das reportagens. Segundo sua assessoria, estava em viagem de férias.
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