São Paulo, sexta-feira, 17 de abril de 2009

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1ª fase da USP passa a ser só eliminatória

Segunda fase do vestibular terá questões de todas as disciplinas; novo formato já vale para a seleção do final deste ano

Agora, a primeira etapa deixará de contar pontos para o resultado final; cursinhos preparatórios aprovam as mudanças

FÁBIO TAKAHASHI

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP decidiu ontem que a primeira fase de seu vestibular valerá apenas como seleção à segunda etapa, sem contar pontos no resultado final do processo. Até então, valia a metade. Outra alteração foi a inclusão de todas as disciplinas na segunda fase.
As mudanças valem já para o próximo vestibular -as provas ocorrem entre o final deste ano e o início de 2010.
Antes, a segunda fase abordava só disciplinas relacionadas ao curso escolhido (exceto língua portuguesa e redação, comum a todos os classificados).
A nova segunda etapa terá três dias (eram até quatro, anteriormente). No primeiro dia, haverá redação e dez questões discursivas de português.
No segundo, serão 20 perguntas, também discursivas, envolvendo biologia, química, física, matemática, história, geografia e inglês. Cada questão poderá abranger conhecimentos de mais de uma matéria.
O último dia será conforme o curso. Serão 12 questões, de até três disciplinas, escolhidas pelas unidades (ênfase em exatas ou humanas, por exemplo). Os três dias terão peso igual.
Segundo a pró-reitora de graduação, Selma Garrido Pimenta, a intenção da USP é "valorizar o conjunto dos conteúdos trabalhados no ensino médio" -por isso a inclusão de todas as matérias na segunda fase.
A primeira fase manterá o mesmo formato. Segundo Selma, os estudos da universidade mostram que o aluno que vai bem na primeira fase não necessariamente mantém o resultado na segunda, discursiva.
A etapa inicial será como um filtro dos mais de 100 mil candidatos que disputam as cerca de 10 mil vagas anuais.

Enem
Também prosseguem os programas de bonificação para os alunos de escola pública e o uso da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) como parte da nota da primeira fase.
As alterações foram aprovadas por 23 votos a 10 em um conselho que reúne os representantes de cada unidade.
Uma das maiores reclamações foi o prazo da adoção das medidas. "As ideias são até boas, mas deveria haver mais discussão antes de implementá-las", afirmou o representante da Escola Politécnica, Paul Jean Jeszensky.
Selma afirmou que as alterações serão feitas já na próxima seleção "porque não houve mudança na essência" do vestibular. Além disso, declarou, as alterações estão sendo anunciadas em abril, com prazo para as adaptações (o exame ocorre no final de novembro).
Para o coordenador-geral do Anglo Vestibulares, Nicolau Marmo, a mudança na Fuvest é positiva. Ao não se levar em conta a nota da primeira fase, diz, o resultado será mais justo. "O aluno que for melhor na segunda fase é o aluno mais completo, mais bem preparado", afirma Marmo.
O diretor editorial do sistema COC, Tadeu Terra, diz acreditar que o novo vestibular vai mudar o perfil dos estudantes aprovados na USP.
"Será um aluno que tem uma articulação melhor de ideias, que consegue contextualizar o conhecimento que tem. Isso vai mudar uma parte dos alunos que entravam normalmente, que eram aqueles que tinham mais facilidade de memorização, de um conhecimento mais específico. O que se quer agora é um conhecimento mais contextualizado."
Para ele, houve uma evolução no vestibular da Fuvest. "Ele caminha no sentido de buscar um profissional mais próximo do que o mercado exige hoje: uma pessoa com uma cultura geral maior, com uma capacidade de leitura melhor, que tenha domínio dos códigos de linguagem. É um passo a frente", completa o diretor.


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