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TRANSPORTE
Aumento começa a vigorar a partir de quarta-feira; secretário diz que não haverá mais subsídios às empresas
Marta sobe tarifa de ônibus para R$ 1,40
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
R$ 1,40. Essa é a nova tarifa de
ônibus em São Paulo, que começa
a vigorar à 0h da próxima quarta-feira. O anúncio do novo valor foi
feito pelo secretário municipal
dos Transportes, Carlos Zarattini,
no início da noite de ontem.
Esse preço representa um aumento de 21,74% sobre o atual R$
1,15 e supera os 14,6% de inflação,
medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas,
da USP), desde o último reajuste,
em janeiro de 1999.
A elevação da tarifa de ônibus
para R$ 1,40 provocará alta de
0,87 ponto percentual na taxa de
inflação dos paulistanos. "É uma
dose cavalar, se comparada ao ritmo atual da taxa", afirma o economista da Fipe Juarez Rizzieri.
A inflação de abril ficou em
0,61% e a previsão da Fipe, sem
aumento nos preços de ônibus,
era de inflação de 0,20% para este
mês. Rizzieri diz que as novas tarifas de transporte público, de energia e os efeitos do câmbio vão elevar a taxa de inflação medida pela
Fipe para 4,5% a 5% neste ano. A
previsão era de taxa de 4%.
Já a inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), que serve para balizar as
metas inflacionárias pelo governo, deve ficar entre 5,5% e 6%, segundo Rizzieri. A meta inicial do
governo era de 4% para este ano.
Ao divulgar a nova tarifa ontem,
Zarattini anunciou também o fim
do subsídio da prefeitura ao
transporte. Segundo ele, o novo
valor vai financiar o sistema sem
novos repasses municipais.
Só neste ano, a prefeitura repassou R$ 41 milhões às empresas como subsídio para cobrir a diferença entre o custo de cada viagem e
o valor pago pelos passageiros.
Antes do anúncio, Marta Suplicy recebeu o secretário na prefeitura, mas delegou a Zarattini a
missão de divulgar o R$ 1,40. A
prefeita Marta Suplicy (PT) não
participou da divulgação, feita na
secretaria, em Pinheiros (zona
oeste). "Não foi nenhum abandono. A prefeita tinha outros compromissos", disse Zarattini.
O secretário negou que o aumento vá afastar mais passageiros
do sistema de ônibus, mas assumiu que o reajuste causará desgaste na imagem do governo petista. "Pode ter um desgaste inicial. Nem a prefeita nem eu nem
ninguém está satisfeito em reajustar a tarifa, mas há um consenso
de que não dá para manter o subsídio, tirando dinheiro de outras
áreas como educação e saúde."
Marta havia dito na semana
passada que uma tarifa de R$ 1,25
daria "muito bem" e que "as empresas teriam de arcar com os
prejuízos". Não foi o que aconteceu, e os empresários acabaram
ganhando três centavos por passageiro. Levantamento da Fipe
apontou que cada usuário custava
entre R$ 1,27 e R$ 1,32. Com a elevação salarial de 6% dada aos motoristas e cobradores, esses valores subiram para R$ 1,31 e R$ 1,37.
Ainda assim, Zarattini justificou
os três centavos com o reajuste
dos trabalhadores e outros custos.
"Consideramos o reajuste dado
aos motoristas, mais a renovação
da frota e custos de distribuição
de passes na periferia", disse.
Em contrapartida, as empresas
de ônibus terão de colocar em circulação mil ônibus novos até outubro e melhorar a qualidade do
serviço (veja quadro abaixo).
O presidente do Transurb (sindicato das empresas), José Sérgio
Pavani, divulgou nota comprometendo-se com melhorias no
sistema, que incluem integração
com peruas e cem novos ônibus
com adaptação para deficientes.
As empresas, no entanto, apresentaram na semana passada um
estudo apontando que cada passageiro custa R$ 1,52 atualmente,
valor que passaria a R$ 1,58 no
mês que vem. "Era um valor inflado. Não concordamos com aquele estudo, que superestimou o
custo do sistema", disse Zarattini.
Colaborou Alencar Izidoro, da Reportagem Local
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