São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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TRANSPORTE

Aumento começa a vigorar a partir de quarta-feira; secretário diz que não haverá mais subsídios às empresas

Marta sobe tarifa de ônibus para R$ 1,40

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

R$ 1,40. Essa é a nova tarifa de ônibus em São Paulo, que começa a vigorar à 0h da próxima quarta-feira. O anúncio do novo valor foi feito pelo secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, no início da noite de ontem.
Esse preço representa um aumento de 21,74% sobre o atual R$ 1,15 e supera os 14,6% de inflação, medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP), desde o último reajuste, em janeiro de 1999.
A elevação da tarifa de ônibus para R$ 1,40 provocará alta de 0,87 ponto percentual na taxa de inflação dos paulistanos. "É uma dose cavalar, se comparada ao ritmo atual da taxa", afirma o economista da Fipe Juarez Rizzieri.
A inflação de abril ficou em 0,61% e a previsão da Fipe, sem aumento nos preços de ônibus, era de inflação de 0,20% para este mês. Rizzieri diz que as novas tarifas de transporte público, de energia e os efeitos do câmbio vão elevar a taxa de inflação medida pela Fipe para 4,5% a 5% neste ano. A previsão era de taxa de 4%.
Já a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que serve para balizar as metas inflacionárias pelo governo, deve ficar entre 5,5% e 6%, segundo Rizzieri. A meta inicial do governo era de 4% para este ano.
Ao divulgar a nova tarifa ontem, Zarattini anunciou também o fim do subsídio da prefeitura ao transporte. Segundo ele, o novo valor vai financiar o sistema sem novos repasses municipais.
Só neste ano, a prefeitura repassou R$ 41 milhões às empresas como subsídio para cobrir a diferença entre o custo de cada viagem e o valor pago pelos passageiros.
Antes do anúncio, Marta Suplicy recebeu o secretário na prefeitura, mas delegou a Zarattini a missão de divulgar o R$ 1,40. A prefeita Marta Suplicy (PT) não participou da divulgação, feita na secretaria, em Pinheiros (zona oeste). "Não foi nenhum abandono. A prefeita tinha outros compromissos", disse Zarattini.
O secretário negou que o aumento vá afastar mais passageiros do sistema de ônibus, mas assumiu que o reajuste causará desgaste na imagem do governo petista. "Pode ter um desgaste inicial. Nem a prefeita nem eu nem ninguém está satisfeito em reajustar a tarifa, mas há um consenso de que não dá para manter o subsídio, tirando dinheiro de outras áreas como educação e saúde."
Marta havia dito na semana passada que uma tarifa de R$ 1,25 daria "muito bem" e que "as empresas teriam de arcar com os prejuízos". Não foi o que aconteceu, e os empresários acabaram ganhando três centavos por passageiro. Levantamento da Fipe apontou que cada usuário custava entre R$ 1,27 e R$ 1,32. Com a elevação salarial de 6% dada aos motoristas e cobradores, esses valores subiram para R$ 1,31 e R$ 1,37.
Ainda assim, Zarattini justificou os três centavos com o reajuste dos trabalhadores e outros custos. "Consideramos o reajuste dado aos motoristas, mais a renovação da frota e custos de distribuição de passes na periferia", disse.
Em contrapartida, as empresas de ônibus terão de colocar em circulação mil ônibus novos até outubro e melhorar a qualidade do serviço (veja quadro abaixo).
O presidente do Transurb (sindicato das empresas), José Sérgio Pavani, divulgou nota comprometendo-se com melhorias no sistema, que incluem integração com peruas e cem novos ônibus com adaptação para deficientes.
As empresas, no entanto, apresentaram na semana passada um estudo apontando que cada passageiro custa R$ 1,52 atualmente, valor que passaria a R$ 1,58 no mês que vem. "Era um valor inflado. Não concordamos com aquele estudo, que superestimou o custo do sistema", disse Zarattini.


Colaborou Alencar Izidoro, da Reportagem Local


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