São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA

Dois dias após atentado à Secretaria de Direitos Humanos, postos da polícia em favelas são alvo de criminosos

PM sofre ataques de traficantes no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dias após o atentado à sede da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio, dois Postos de Policiamento Comunitário (PPCs) da Polícia Militar em favelas do Rio foram atacados por traficantes da facção criminosa Terceiro Comando.
Um deles foi atingido por duas granadas do tipo M-4, de uso exclusivo das Forças Armadas e do mesmo tipo usado no ataque à secretaria. Dois policiais ficaram feridos sem gravidade.
O ataque mais violento ocorreu às 4h30 de ontem. Um grupo com pelo menos 15 homens metralhou o PPC da favela Roquete Pinto (zona norte), vizinha ao piscinão de Ramos. Os criminosos atiraram duas granadas contra o posto. Na hora do ataque, havia pelo menos oito PMs no posto. O soldado Murilo César Pestana Brum, 31, foi baleado nas pernas e está hospitalizado, mas não corre risco de morte, segundo os médicos do Hospital da PM.
Para a Polícia Militar (PM), o ataque foi uma represália à operação feita por policiais do 22º Batalhão na noite anterior, quando um suposto traficante foi morto.
No início da tarde, a PM prendeu quatro suspeitos de ter participado do ataque, entre eles um adolescente de 15 anos. Com o grupo, a PM informou ter apreendido um fuzil, uma pistola, uma carabina e drogas.
A fachada do PPC ficou toda perfurada por tiros. Policiais que trabalham na unidade afirmaram ter recolhido cerca de 80 cápsulas de fuzil. O comércio na favela ficou fechado durante toda a manhã e só reabriu após a chegada do comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, que esteve no local para conferir os estragos.
Uma hora antes do ataque na Roquete Pinto, traficantes da favela da Rola, em Santa Cruz (zona oeste), dispararam cerca de 40 tiros de fuzis e pistolas contra o PPC local. Uma creche que fica próxima ao posto policial foi atingida e ficou fechada ontem.
O soldado José Marcos Dias de Albuquerque foi atingido por estilhaços no braço direito e levado para o hospital de Santa Cruz. Os criminosos fugiram.
A Polícia Civil suspeita que o ataque tenha sido uma resposta dos traficantes a uma operação feita por policiais do 27º Batalhão no início da semana.

Investigações
O inquérito que apura o atentado ao prédio da Secretaria de Direitos Humanos foi transferido ontem da 10ª Delegacia de Polícia, em Botafogo (zona sul), para a Draco (Divisão de Repressão ao Crime Organizado).
A transferência se deveu à suspeita da polícia de que integrantes da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital) tenham participado do ataque, em coordenação com a facção fluminense CV (Comando Vermelho). As duas quadrilhas teriam se aliado para conter o avanço das facções rivais Terceiro Comando e ADA (Amigo dos Amigos).
A polícia estuda também a hipótese de ter havido retaliação às prisões efetuadas no último mês, como a de Celsinho da Vila Vintém, que era o traficante mais procurado do Rio. Há suspeita de que os criminosos sejam do morro da Providência (zona central).
O ataque à secretaria ocorreu na noite de terça-feira. Homens em duas motos e dois carros jogaram uma granada e dispararam tiros de fuzis contra o prédio. Ao fugir, deixaram um cartaz com a sigla CV. Um segurança foi ferido. O medo de atentados fez com que o governo do Estado reforçasse a segurança dos secretários e da governadora Benedita da Silva (PT).



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