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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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SAÚDE

Em 12 anos, taxa diminuiu de 31 para 15 óbitos por mil nascidos vivos; 40 cidades ainda têm índice superior ao aceito pela OMS

Mortalidade infantil cai 48% no Estado

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A taxa de mortalidade infantil (crianças de até um ano de idade) caiu pela metade nos últimos 12 anos no Estado de São Paulo. Em 2002, ocorreram 15 mortes de crianças com até um ano para cada mil que nasceram vivas. O índice em 1990 foi de 31 óbitos para cada mil crianças.
A queda, segundo o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, está relacionada à melhoria nos setores de saneamento básico, moradia, rede hospitalar e educação das mães.
No entanto, o índice continua alto em algumas regiões do Estado, como as de Itapeva (24,94), Santos (21,61) e Tupã (20,36).
São 40 municípios que apresentam uma média que ultrapassa o padrão recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para os países em desenvolvimento, de até 20 mortes por cada mil nascimentos. Em países desenvolvidos, o índice é de até dez.
O secretário atribui o alto número de mortes nesses municípios à pobreza da população. "São regiões com uma população muito pobre, que não tem acesso a condições adequadas de habitação, por exemplo."
Barata admite, porém, que também falta, em muitos lugares, um trabalho de informação e atendimento pré-natal de boa qualidade. "Temos que fazer um trabalho mais intenso em algumas cidades", afirma o secretário.
De acordo com Márcia Furquim de Almeida, professora do departamento de epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, é difícil distinguir os fatores das altas taxas de mortalidade infantil. "Nessas cidades com taxas mais altas, é difícil dizer até que ponto as causas são relacionadas a fatores como renda, condições de moradia e grau de instrução da mãe, e quais são problemas do sistema de saúde pública", explica a especialista.
O Estado apresenta também índices de primeiro mundo -taxa de dez mortes para mil nascidos vivos- em algumas regiões. É o caso das regiões de São Carlos (7,99), Votuporanga (10,52), e Fernandópolis (10,63), que totalizam 34 cidades.
Os números são resultado da pesquisa de Estatísticas Vitais da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).

Causas
A causa das mortes de 58,3% das crianças de até um ano foi as doenças perinatais, relacionadas ao parto, como descolamentos da placenta, prematuridade e asfixia ao nascer, entre outros.
Cerca de 17% foram causadas por anomalias congênitas (que surgem durante a formação do bebê), 7,3% por doenças do sistema respiratório e 5,3% por doenças infecciosas e parasitárias.
As duas últimas relacionadas à falta condições de moradia e saneamento básico.
"Quando diminui a mortalidade infantil, é característico que o percentual das doenças perinatais (que ocorrem perto do nascimento) aumente", afirma Luis Patricio Ortiz, chefe da divisão de produção dos indicadores demográficos da Fundação Seade.
Segundo Ortiz, as formas de combate das doenças perinatais exigem custos mais elevados e um trabalho de informação das mães, que precisam de um atendimento pré-natal de qualidade.
"Por serem típicos do parto, os problemas perinatais são mais difíceis de serem combatidos", diz.
Até a década de 80, as maiores causas da mortalidade infantil no Estado eram as doenças infecciosas e parasitárias.


Colaborou AMARÍLIS LAGE, da Reportagem Local


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