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SAÚDE
Em 12 anos, taxa diminuiu de 31 para 15 óbitos por mil nascidos vivos; 40 cidades ainda têm índice superior ao aceito pela OMS
Mortalidade infantil cai 48% no Estado
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de mortalidade infantil
(crianças de até um ano de idade)
caiu pela metade nos últimos 12
anos no Estado de São Paulo. Em
2002, ocorreram 15 mortes de
crianças com até um ano para cada mil que nasceram vivas. O índice em 1990 foi de 31 óbitos para
cada mil crianças.
A queda, segundo o secretário
estadual da Saúde, Luiz Roberto
Barradas Barata, está relacionada
à melhoria nos setores de saneamento básico, moradia, rede hospitalar e educação das mães.
No entanto, o índice continua
alto em algumas regiões do Estado, como as de Itapeva (24,94),
Santos (21,61) e Tupã (20,36).
São 40 municípios que apresentam uma média que ultrapassa o
padrão recomendado pela OMS
(Organização Mundial da Saúde)
para os países em desenvolvimento, de até 20 mortes por cada mil
nascimentos. Em países desenvolvidos, o índice é de até dez.
O secretário atribui o alto número de mortes nesses municípios à pobreza da população. "São
regiões com uma população muito pobre, que não tem acesso a
condições adequadas de habitação, por exemplo."
Barata admite, porém, que também falta, em muitos lugares, um
trabalho de informação e atendimento pré-natal de boa qualidade. "Temos que fazer um trabalho
mais intenso em algumas cidades", afirma o secretário.
De acordo com Márcia Furquim de Almeida, professora do
departamento de epidemiologia
da Faculdade de Saúde Pública da
USP, é difícil distinguir os fatores
das altas taxas de mortalidade infantil. "Nessas cidades com taxas
mais altas, é difícil dizer até que
ponto as causas são relacionadas
a fatores como renda, condições
de moradia e grau de instrução da
mãe, e quais são problemas do
sistema de saúde pública", explica
a especialista.
O Estado apresenta também índices de primeiro mundo -taxa
de dez mortes para mil nascidos
vivos- em algumas regiões. É o
caso das regiões de São Carlos
(7,99), Votuporanga (10,52), e
Fernandópolis (10,63), que totalizam 34 cidades.
Os números são resultado da
pesquisa de Estatísticas Vitais da
Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Causas
A causa das mortes de 58,3%
das crianças de até um ano foi as
doenças perinatais, relacionadas
ao parto, como descolamentos da
placenta, prematuridade e asfixia
ao nascer, entre outros.
Cerca de 17% foram causadas
por anomalias congênitas (que
surgem durante a formação do
bebê), 7,3% por doenças do sistema respiratório e 5,3% por doenças infecciosas e parasitárias.
As duas últimas relacionadas à
falta condições de moradia e saneamento básico.
"Quando diminui a mortalidade infantil, é característico que o
percentual das doenças perinatais
(que ocorrem perto do nascimento) aumente", afirma Luis Patricio
Ortiz, chefe da divisão de produção dos indicadores demográficos da Fundação Seade.
Segundo Ortiz, as formas de
combate das doenças perinatais
exigem custos mais elevados e um
trabalho de informação das mães,
que precisam de um atendimento
pré-natal de qualidade.
"Por serem típicos do parto, os
problemas perinatais são mais difíceis de serem combatidos", diz.
Até a década de 80, as maiores
causas da mortalidade infantil no
Estado eram as doenças infecciosas e parasitárias.
Colaborou AMARÍLIS LAGE, da Reportagem Local
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