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Atingido por tiro, homem é salvo por celular no bolso
O aparelho protegeu o coração da vítima, baleada em uma festa junina no Rio
Funcionário público, que fraturou o braço esquerdo com outra bala disparada, afirma acreditar ter sido confundido por atirador
CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Quando o agente previdenciário carioca Paulo Sérgio Costa dos Santos, 45, repetiu anteontem a rotina diária de colocar no bolso da camisa seu velho celular, nem imaginava que
o aparelho acabaria salvando
sua vida. Naquela noite, o telefone impediu que um dos dois
tiros que atingiram Santos durante a festa junina do Campo
do Periquito, na zona norte do
Rio, chegasse a seu coração.
Graças ao celular, um Motorola que ficou totalmente destruído, ele apenas fraturou o
braço esquerdo com a outra bala e só tem hoje no peito um
grande hematoma.
Na enfermaria do Hospital
das Clínicas Bangu (HCB), onde está internado, o agente previdenciário recebeu a Folha e
disse achar que foi confundido.
"Cheguei à festa junina por
volta das 20h. Estava conversando com uns amigos e ainda
não tinha bebido nada quando
ouvi os tiros e senti que um deles tinha ido direto no meu braço. Segundos depois, senti o
outro disparo e cai no chão.
Meu instinto foi levantar e sair
correndo até a casa da minha
ex-mulher, que mora a 10 minutos de lá. Foi só então vi que
meu braço esquerdo estava
pendurado, minha camisa tinha um furo no peito e, no bolso dela, só estava metade da
tampa da bateria do celular."
Santos, que afirma não ter
nenhum inimigo e que cogita a
possibilidade de ter sido confundido com alguém na multidão, conta que está com muito
medo de voltar às ruas.
"Eu fui abençoado por Deus
sim. Foi ele que fez com que eu
passasse os últimos seis meses
querendo trocar de celular,
mas com uma preguiça danada
de enfrentar a fila na loja. Mas,
mesmo assim, me assusta muito a idéia de sair do hospital.
Não sei se tem alguém me esperando la fora, né?"
Santos diz que apenas fora da
clínica poderá saber se os tiros
foram mesmo direcionados para ele ou se houve um grande
engano.
"Essa história ainda não acabou, sabe? A primeira etapa dela foi ter sido baleado. A segunda, ter sobrevivido e estar me
recuperando. A terceira começará ao sair daqui e descobrir a
verdade", declarou ele, que
afirmou também confiar na polícia para prender o homem
que disparou e fugiu sem deixar rastro.
Do triste episódio, Santos
pretende guardar duas lembranças: a toalha ensangüentada emprestada pela vizinha de
sua ex-mulher e a camisa furada pelo tiro.
"O pessoal da emergência me
ajudou a tirar a camisa quando
cheguei e deve estar com ela.
Vou ver se a recupero."
Santos terá que ficar no HCB
por mais alguns dias para operar o braço, razão pela qual não
poderá assistir à partida do
Brasil contra a Austrália com
os amigos. "Já estava tudo
combinado para vermos o jogo
na feira de forró de Caxias.
Agora, com isso, vou ter que ficar aqui mesmo", lamenta o carioca. Ele divide o quarto e um
televisor com outros quatro
pacientes.
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