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Moradores e Exército se enfrentam
Protesto com cerca de 400 pessoas que vivem no morro da Providência foi rechaçado por 200 militares
Manifestantes jogaram pedras nos militares, que usaram balas de borracha; no confronto, no centro do Rio, 3 pessoas foram presas
DIANA BRITO
DA SUCURSAL DO RIO
O protesto de cerca de 400
moradores do morro da Providência em frente à sede do
CML (Comando Militar do
Leste), ontem à noite no centro
do Rio, foi rechaçado por cerca
de 200 militares do Exército
com uso de balas de borracha,
gás lacrimogêneo, spray de pimenta, escudos e cassetetes.
Três pessoas foram presas.
Os manifestantes jogaram
pedras nos militares, quebraram vidros de carros próximos
do CML, destruíram bens públicos na praça Duque de Caxias e tentaram forçar a entrada no quartel-general militar.
Oito helicópteros sobrevoaram a região. Houve correria e
manifestantes e pedestres que
se dirigiam para pontos de ônibus e de metrô e trens próximos foram pisoteados. Não havia registro de feridos graves
até a conclusão desta edição.
Durante o confronto, foram
ouvidos tiros e fogos de artifício, com origem no alto do morro da Providência, a algumas
centenas de metros do QG.
A manifestação foi em protesto contra a morte de três jovens, levados por militares que
estavam no morro da Providência a traficantes de do morro da Mineira, de acordo com a
Polícia Civil. Os traficantes dos
dois morros são rivais.
Os moradores saíram direto
do enterro das vítimas em cerca de dez ônibus alugados e, no
CML, estenderam faixas.
Uma grande faixa preta foi
estendida na rua com os dizeres "Assassinos do Exército".
Durante o confronto, o comandante do 1º Comando de Policiamento de Área, Marcus Jardim, pediu que os moradores
voltassem para suas casas. Segundo Jardim, 110 policiais militares estavam na operação.
Após o protesto, os manifestantes foram à 4ª DP (Central).
O integrante da rede de comunidades e movimentos contra a
violência, José Antônio Castilheiro, 29, e os moradores da
Providência Adeilton dos Santos, 31, e Diana Soares da Silva,
27, foram presos sob a acusação
de desacato à autoridade.
Com uma blusa em homenagem ao namorado David Florenço da Silva, Gisele Pereira
de Lima, 19, criticou os militares. Ela afirmou que os soldados tinham uma dívida com o
tráfico do morro da Mineira e
que tudo foi armado. "O Exército só queria levar dois. Houve
realmente desacato, mas o meu
namorado não fez nada, apenas
defendeu os amigos. Ele não
era envolvido com o tráfico. Ia
começar a trabalhar hoje [ontem] e era estudante", disse.
Entre os manifestantes também estava Dinaldo Barbosa,
irmão de Marcos Paulo Campos, 17, que ameaçou a permanência dos militares na favela.
"Enquanto eles estiverem no
morro, vai ter problema", disse.
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