|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Maioria das escolas abre no 1º dia de greve
De 57 colégios estaduais da capital e do interior visitados ou contatados pela reportagem, apenas 8 pararam total ou parcialmente
Secretaria de Educação diz que, dos 250 mil professores, só 2% aderiram à paralisação; segundo sindicato, adesão
foi de 50% das escolas da rede
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar da greve decretada
pelo sindicato dos professores,
muitas escolas da rede estadual
de São Paulo funcionaram normalmente ontem. A reportagem visitou ou entrou em contato com 57 colégios da capital
e do interior, e só oito fizeram
paralisação total ou parcial.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação, 2% dos cerca
de 250 mil professores da rede
aderiram, ontem, ao primeiro
dia de greve. Pela versão da
Apeoesp (sindicato dos professores), no entanto, a adesão foi
grande, atingindo 50% das
5.500 escolas do Estado.
A greve, por tempo indeterminado, foi decidida na sexta-feira. O sindicato pede que o governador José Serra (PSDB)
cancele um decreto, assinado
há três semanas, que restringe
as transferências de professores e diretores para outras escolas (para mudar, é preciso estar na rede a três anos) e impõe
exames de conhecimento específico aos professores temporários (aqueles com melhores notas terão prioridade na hora de
assumir turmas).
Os professores dizem que o
governo acabou com direitos
adquiridos sem consultá-los. O
governo, que afirma que não revogará o decreto, argumenta
que o objetivo é melhorar a
qualidade da educação pública.
"Até agora não tivemos resposta para negociar. Pelo jeito,
não querem", afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente do
sindicato.
A Secretaria da Educação divulgou nota pedindo aos pais
que levem os alunos às escolas.
"Lamentamos que alguns poucos professores resistam a uma
mudança que visa melhorar as
condições de ensino."
Questionado sobre o fato de a
maioria das escolas contatadas
pela reportagem ter funcionado, o presidente do sindicato
disse que "depende do local".
"Em muitos locais, os professores foram às escolas apenas para explicar aos alunos os motivos da greve."
Segundo Castro, a adesão
chegou a 100% em cidades como Limeira e Franca. A Folha
telefonou para cinco escolas de
Franca logo em seguida. Todas,
porém, informaram que as aulas ocorriam normalmente.
A diretora de um colégio da
região central de São Paulo
afirmou que "greve não vinga
mais": "A imagem do professor
fica desgastada para a sociedade, para o governo e até para os
próprios alunos".
Nova assembléia
De 32 escolas da capital visitadas pela reportagem ontem,
nas cinco regiões, apenas quatro tiveram aulas canceladas.
Na zona norte, duas pararam
totalmente -a Maria Montessori, na Vila Maria, e a Padre
Manuel da Nóbrega, na Casa
Verde. Na escola Doutor Alarico Silveira, na Barra Funda (zona oeste), a paralisação também foi total. Na escola Caetano de Campos, no centro, houve adesão parcial à greve.
Em escolas de Campinas, São
José dos Campos, Jundiaí, Ribeirão Preto, Araraquara e Barretos também visitadas pela reportagem, a situação foi parecida. A maioria teve aulas.
O sindicato diz que o movimento deve ganhar força a partir de hoje em todo o Estado.
Nesta sexta-feira, o sindicato
fará nova assembléia, no vão livre do Masp, para decidir os rumos do movimento.
(RICARDO SANGIOVANNI, CAROLINA ARAÚJO, TALIS
MAURICIO, RICARDO WESTIN, MAURÍCIO
SIMIONATO e FÁBIO AMATO)
Texto Anterior: Clima: Com 8C, Grande São Paulo tem manhã mais fria do ano Próximo Texto: Professores: Transparências não têm limite na rede municipal Índice
|