São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Maioria das escolas abre no 1º dia de greve

De 57 colégios estaduais da capital e do interior visitados ou contatados pela reportagem, apenas 8 pararam total ou parcialmente

Secretaria de Educação diz que, dos 250 mil professores, só 2% aderiram à paralisação; segundo sindicato, adesão foi de 50% das escolas da rede

DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"
DA AGÊNCIA FOLHA

Apesar da greve decretada pelo sindicato dos professores, muitas escolas da rede estadual de São Paulo funcionaram normalmente ontem. A reportagem visitou ou entrou em contato com 57 colégios da capital e do interior, e só oito fizeram paralisação total ou parcial.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação, 2% dos cerca de 250 mil professores da rede aderiram, ontem, ao primeiro dia de greve. Pela versão da Apeoesp (sindicato dos professores), no entanto, a adesão foi grande, atingindo 50% das 5.500 escolas do Estado.
A greve, por tempo indeterminado, foi decidida na sexta-feira. O sindicato pede que o governador José Serra (PSDB) cancele um decreto, assinado há três semanas, que restringe as transferências de professores e diretores para outras escolas (para mudar, é preciso estar na rede a três anos) e impõe exames de conhecimento específico aos professores temporários (aqueles com melhores notas terão prioridade na hora de assumir turmas).
Os professores dizem que o governo acabou com direitos adquiridos sem consultá-los. O governo, que afirma que não revogará o decreto, argumenta que o objetivo é melhorar a qualidade da educação pública.
"Até agora não tivemos resposta para negociar. Pelo jeito, não querem", afirma Carlos Ramiro de Castro, presidente do sindicato.
A Secretaria da Educação divulgou nota pedindo aos pais que levem os alunos às escolas. "Lamentamos que alguns poucos professores resistam a uma mudança que visa melhorar as condições de ensino."
Questionado sobre o fato de a maioria das escolas contatadas pela reportagem ter funcionado, o presidente do sindicato disse que "depende do local". "Em muitos locais, os professores foram às escolas apenas para explicar aos alunos os motivos da greve."
Segundo Castro, a adesão chegou a 100% em cidades como Limeira e Franca. A Folha telefonou para cinco escolas de Franca logo em seguida. Todas, porém, informaram que as aulas ocorriam normalmente.
A diretora de um colégio da região central de São Paulo afirmou que "greve não vinga mais": "A imagem do professor fica desgastada para a sociedade, para o governo e até para os próprios alunos".

Nova assembléia
De 32 escolas da capital visitadas pela reportagem ontem, nas cinco regiões, apenas quatro tiveram aulas canceladas.
Na zona norte, duas pararam totalmente -a Maria Montessori, na Vila Maria, e a Padre Manuel da Nóbrega, na Casa Verde. Na escola Doutor Alarico Silveira, na Barra Funda (zona oeste), a paralisação também foi total. Na escola Caetano de Campos, no centro, houve adesão parcial à greve.
Em escolas de Campinas, São José dos Campos, Jundiaí, Ribeirão Preto, Araraquara e Barretos também visitadas pela reportagem, a situação foi parecida. A maioria teve aulas.
O sindicato diz que o movimento deve ganhar força a partir de hoje em todo o Estado.
Nesta sexta-feira, o sindicato fará nova assembléia, no vão livre do Masp, para decidir os rumos do movimento. (RICARDO SANGIOVANNI, CAROLINA ARAÚJO, TALIS MAURICIO, RICARDO WESTIN, MAURÍCIO SIMIONATO e FÁBIO AMATO)


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