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Século 17 é esquecido na história do Brasil
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Natal
A historiografia do Brasil colonial se ressente da falta de
atenção à sua dimensão no
Atlântico sul e da falta de trabalhos sobre um século importante, o 17.
A afirmação foi feita ontem
por Luis Felipe Alencastro, historiador da Unicamp, na 50ª
Reunião Anual da SBPC.
O tema da conferência dá
uma idéia da importância desses estudos: "Identidade Regional e Identidade Brasileira
na Colônia e no Império". "A
história do Brasil se espalha
pelo Atlântico sul. E o século 17
é um órfão da historiografia",
disse Alencastro.
E é essa dimensão sul-atlântica manifestada nitidamente no
século 17 que ajuda a compreender como os temas de regionalismo e identidade seriam tratados depois.
Havia então duas colônias
portuguesas na América, o Estado do Maranhão e Grão-Pará
e o Estado do Brasil, uma divisão ditada por condicionamentos geográficos.
A costa norte do Brasil e a
costa leste eram, então, de difícil comunicação. Quando os
ventos facilitavam a ida, geralmente dificultavam a volta. "A
ida para Angola era muito
mais fácil", diz ele. E isso incentivava o tráfico de escravos
africanos dessa região.
Historiadores da guerra com
os holandeses, como Evaldo
Cabral de Mello e José Antônio
Gonsalves de Mello, costumam dividi-la em três períodos. De 1630 a 1638, a fase de
conquista; de 1638 a 1645, houve uma convivência mais ou
menos pacífica; e, de 1645 a
1654, a guerra de restauração.
Alencastro diz que houve
uma fase anterior, de guerra de
corso (quando navios holandeses atacavam a navegação
costeira), e outra após 1648,
quando os luso-brasileiros recapturaram Luanda, em Angola. Só no século 18 isso muda.
Ele diz que a idéia de Brasil foi
"retrojetada" pelos historiadores para períodos anteriores.
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