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Há 30 mil brasileiros desempregados no Japão e cerca de 3.500 estão morando nas ruas e passando fome
Operação "resgata' mais nove dekasseguis
RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local
Chegaram ontem de manhã a
São Paulo mais nove dekasseguis
brasileiros que estavam desempregados e passando por dificuldades no Japão.
Por volta das 7h20, eles desembarcaram no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, no vôo 895 da
Vasp, proveniente de Osaka.
Essa é a segunda turma de brasileiros trazida de volta ao país pela
Operação Resgate, montada pela
Vasp, pela Asibras (Associação do
Imigrante no Brasil) e pela Nipomed (empresa de serviços de saúde), que paga parte das passagens
e oferece assistência médica gratuita. Desde o início da operação,
12 dekasseguis que estavam em situação crítica já conseguiram retornar ao país.
Na quinta-feira da semana passada, outras três pessoas voltaram
por meio da operação.
Segundo estimativa do Nikkei
International Center, entidade de
ajuda aos estrangeiros no Japão,
há cerca de 233 mil dekasseguis
brasileiros vivendo no país, sem
contar os que têm dupla nacionalidade (brasileira e japonesa), cerca de 10%.
O número de brasileiros desempregados naquele país é de aproximadamente 30 mil, ou seja, 12,9%
dos brasileiros que moram lá, de
acordo com os dados da entidade.
"Desse total, a estimativa é que
aproximadamente 3.500 estejam
em situação crítica (desempregados, morando nas ruas, passando
fome)", disse Sergio Morinaga,
presidente da Asibras.
De acordo com Morinaga, o objetivo da operação é trazer de volta
ao país o maior número de brasileiros possível.
"Não sabemos quantos conseguiremos resgatar, mas outras
empresas aéreas, além da Vasp,
estão oferecendo passagens."
"Poderíamos resgatar mais pessoas se tivéssemos ajuda de empresas e de bancos brasileiros que
atuam no Japão e que enriqueceram às custas dos dekasseguis (por
meio de investimentos feitos nesses bancos e da remessa de dinheiro para o Brasil)", disse.
Para a próxima semana, está
previsto o retorno de mais quatro
ou cinco pessoas, segundo a Asibras. Morinaga disse ainda que a
idéia agora é, a partir das denúncias das pessoas que estão retornando, fazer um mapeamento das
conexões entre as empreiteiras japonesas e as agências brasileiras.
A partir desse mapeamento, a
Asibras deverá sugerir à Polícia
Federal a abertura de inquérito
para investigar a atividade de
agências que atuam aliciando brasileiros para trabalhar no Japão.
De acordo com o presidente da
Asibras, existem cerca de 20 agências desse tipo no país.
Morinaga disse que, em parte,
essas agências são culpadas pela
situação dos dekasseguis brasileiros lá. "Apesar de conhecer a crise
econômica do Japão, continuam
mandando pessoas para lá."
Uma das denúncias é que essas
empresas financiam a ida dos dekasseguis, cobrando até cerca de
US$ 4.000 por uma passagem aérea que custa cerca de R$ 800.
A pessoa chega ao Japão endividada e trabalha para pagar sua ida.
Quando não consegue, pode ter o
passaporte retido por essas firmas,
o que impede o regresso ao Brasil.
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