São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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Rio registra 4ª chacina em 3 dias

da Sucursal do Rio

Dois homens e uma mulher foram encontrados mortos ontem de manhã em uma rua próxima à favela Faz-Quem-Quer, em Rocha Miranda, na zona norte do Rio de Janeiro.
Essa foi a quarta chacina registrada no Estado em menos de três dias. O número de mortos das quatro chacinas chegou a 16.
Segundo a polícia, os três eram traficantes da região e haviam sido assassinados durante confronto com outros supostos traficantes do morro do Juramento (zona norte), em disputa por pontos de droga na região.
O tiroteio começou no início da madrugada de ontem e só terminou às 6h, de acordo com informações da polícia, que chegou ao local por volta das 5h.
Ninguém foi preso durante a ação da polícia.
Luciano Ferreira da Silva, 19, Regina Esmite França, 29, e um homem ainda não identificado de aproximadamente 25 anos tinham várias marcas de tiros de escopeta e fuzil pelo corpo.
Regina França havia sido decapitada, segundo informou a Polícia Militar.
Policiais militares ocuparam ontem a favela para evitar que acontecessem novos confrontos no local.

Adolescente morto
O secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, disse que o policial militar que matou um adolescente na favela Vila do Cruzeiro, na Penha (zona norte), anteontem, já foi identificado e teve a arma apreendida.
Quintal informou que um sargento do 16ª batalhão, que não teve o nome divulgado, teria assumido a autoria do tiro. O policial, entretanto, teria dito que o menor atirou primeiro.
Segundo a polícia, E.R.,15, era traficante da favela e havia atirado contra os PMs que faziam uma blitz na área, dando início à troca de tiros. Reis levou um tiro no peito e morreu na hora.
A família negou o envolvimento do adolescente com o tráfico e disse que ele foi executado pelos policiais.
O secretário declarou que haverá "uma séria investigação sobre o caso". Ele disse que "o importante é descobrir se ele (o adolescente) reagiu à polícia ou não".
Ontem, cerca de 60 policiais militares ocuparam a favela da Vila do Cruzeiro, para evitar novos tumultos no local.
Na noite de anteontem houve violento protesto contra a ação dos policiais. Moradores da favela incendiaram quatro ônibus e saquearam um supermercado.
Durante o enterro do adolescente ontem à tarde no cemitério de Irajá, parentes e amigos da vítima gritaram "assassinos" e "justiça" para os cinco policiais que estavam no local.


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