São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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GUARULHOS
Exame detectou chumbo na mão direita do vereador Antônio Magalhães
Laudos reforçam tese de suicídio

Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
Jovino Cândido, prefeito de Guarulhos, acusa vereadores de exigir cargos e dinheiro em troca de apoio na Câmara




ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Três laudos concluídos pelo Instituto de Criminalística de São Paulo reforçam a hipótese de suicídio para a morte do vereador de Guarulhos Antônio Magalhães (PMDB), encontrado com um tiro na cabeça no último sábado.
No entanto, o delegado que investiga o caso, William Grande, do 1º DP de Guarulhos, diz que os resultados dos exames, nesse momento, ainda "não satisfazem completamente" a hipótese de suicídio.
Magalhães foi encontrado baleado dentro do seu carro. A polícia achou uma arma perto da mão do vereador. O revólver tinha uma cápsula deflagrada e outras quatro intactas, o que indica que a arma foi usada.
Magalhães é acusado pelo prefeito de Guarulhos, Jovino Cândido (PV) -junto com outros 18 vereadores- de pedir dinheiro, cargos e secretarias em troca de apoio na Câmara.
As denúncias foram gravadas em duas fitas de vídeo. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil. Todos os vereadores negam as acusações. A polícia ainda não descartou a hipótese de atentado.
Os três laudos divulgados ontem pelo delegado informam que o vereador atirou no dia em que seu corpo foi encontrado, que a arma localizada ao seu lado foi disparada e que a única cápsula encontrada no tambor do revólver foi deflagrada por aquela arma. Além dessa cápsula, havia quatro balas intactas.
A perícia confirma que o vereador atirou naquele dia porque o exame residuográfico detectou partículas de chumbo em sua mão direita.
"Esses resultados tornam mais provável a hipótese de suicídio. Entretanto, não podemos, com esses exames, chegar a uma conclusão definitiva nesse momento. Ainda faltam alguns laudos", afirmou o delegado.
Entre os laudos que ainda restam ser concluídos, o mais importante é o necroscópico, que irá apontar a trajetória da bala.
A hipótese de suicídio pode ser reforçada ainda mais, caso o laudo descreva que a bala atingiu a vítima de baixo para cima e da direita para a esquerda.
Segundo William Grande, depoimentos de familiares informam que Magalhães acordou por volta das 6h no dia do crime. Ele ia participar de um curso de batismo em Santana do Parnaíba. Em seguida, encontraria a família em seu sítio, em Guararema.
De acordo com o delegado, a mulher do vereador, Sueli Magalhães, disse que ele estava chateado com o envolvimento de seu nome nos recentes casos de corrupção, mas que ele repetia que a verdade viria à tona e que seu nome seria limpo.


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