São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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EDUCAÇÃO
Programa de aceleração de aprendizagem recupera estudantes repetentes
"Acelera Brasil" supera médias

MARILENE FELINTO
enviada especial a Sobral (CE)

O programa de aceleração de aprendizagem do Instituto Ayrton Senna (IAS), para estudantes repetentes ou atrasados no ensino fundamental (antigo 1º grau), obteve mais uma avaliação positiva. Os resultados foram apresentados pela Fundação Carlos Chagas em encontro nacional do projeto, na semana passada, em Sobral (238 km de Fortaleza), no Ceará.
Sobral adotou o programa desde o início de sua implantação, em 1997. A novidade da mais recente avaliação é que ela se refere ao desempenho dos alunos que passam por um ano do "Acelera Brasil", pulam séries e são promovidos para a 5ª série. Os dados mostram que eles estão acima da média nacional.
Em análises anteriores, a Carlos Chagas demonstrou que a maioria dos alunos egressos da aceleração atinge, no mínimo, a média nacional nas pontuações, e retoma seu processo de escolarização no mesmo nível de estudantes do ensino regular da rede pública.
Para análise dos que ingressam na 5ª série, usou-se como parâmetro a avaliação feita pelo Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) com estudantes da rede pública no mesmo estágio escolar. Os alunos do programa de aceleração, submetidos a teste com grau de dificuldade semelhante ao do Saeb, tiveram resultados melhores. Em português, a pontuação foi de 165/178, para Saeb e "Acelera", respectivamente. Em matemática, de 187/ 200.
O "Acelera Brasil", que o Instituto Ayrton Senna desenvolve em parceria com a Petrobrás, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o FNDE/MEC (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação e Ministério de Educação e Cultura)- é um dos programas de correção do fluxo escolar que têm se destacado no combate à repetência e à evasão escolar no Brasil. Atende atualmente 63 mil alunos de 246 municípios.
Goiás, em parceria com a Tele Centro-Oeste e a Adial, e o Espírito Santo estenderam a experiência para a rede estadual de ensino.
Mas o analfabetismo ainda é o principal problema enfrentado pelo projeto, principalmente na zona rural. Como o método foi criado para crianças que já soubessem ler e escrever, o "Acelera" tenta desde o início se ajustar aos altos índices de analfabetismo encontrados entre alunos com defasagem de idade/série. Avaliação feita pela Carlos Chagas, com dados de 1998, mostra que 34% dos alunos entram analfabetos para o programa.
Um dos desafios do programa de aceleração de aprendizagem do Instituto Ayrton Senna tem sido o acompanhamento dos alunos egressos, os aprovados que continuam os estudos na 5ª série do ensino regular.
Dos debates dos coordenadores do programa em Sobral saiu a recomendação de que se tente acompanhar a evolução desses alunos, para que não voltem a se deparar com a repetência.
O município de Virginópolis, em Minas Gerais, tem conseguido acompanhar a evolução de seus 223 alunos que concluíram o programa de aceleração. Alguns deles já estão na 7ª série.
"O que nós fazemos é ir até as escolas onde cada um está estudando, recolher a nota da turma deles a cada bimestre, tirar a média da classe e comparar os resultados", explica Marilda Azevedo, coordenadora do "Acelera" em Virginópolis.


A viagem da jornalista Marilene Felinto foi parcialmente custeada pelo Instituto Ayrton Senna.


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