São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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ERRO MÉDICO
Anestesista e hospital vão entrar com recurso
Justiça de SP condena 3 por morte após lipoaspiração



PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A Justiça de São Paulo condenou, nesta semana, um anestesista, um cirurgião e um hospital de São Caetano do Sul (Grande SP) a pagar indenização de cerca de R$ 650 mil ao viúvo de Marisa Merlin Cassoto, que morreu após ser submetida a uma lipoaspiração em 1994.
Ainda corre na Justiça uma ação criminal contra as três partes.
O juiz Adalberto Montes, da 4ª Vara Cível de São Caetano do Sul, determinou que o anestesista Alexandre João de Santis Júnior terá de pagar parte da indenização porque teria sido imperito por não ter ministrado adequadamente a anestesia, além de negligente e imprudente por deixar de usar equipamentos necessários ao monitoramento da paciente.
Também foi condenado a pagar parte do valor o cirurgião Mauro Luciano José Bacigalupo, "por não ter escolhido anestesista capaz de assegurar sedação correta e adequada".
O Hospital Miguel de Cervantes (que na época tinha o nome de Hospital Nossa Senhora da Pompéia) também arcará com parte da indenização por ser responsável pelos atos praticados por seus empregados, segundo o juiz.
Marisa ficou em estado de coma por 96 dias no hospital, após sofrer uma parada cardíaca durante cirurgia para remover culotes.
Segundo o viúvo de Marisa, Luís Carlos Cassoto, sua mulher teria recebido excesso de medicamentos, o que teria causado queda de pressão e consequente parada cardíaca, sem que os médicos tivessem percebido a tempo.
Na época, o caso foi amplamente divulgado. Quatro dias antes, Helenita Pereyra, mulher do atual técnico do Atlético de Minas Gerais, Dario Pereyra, sofreu perfurações no intestino durante lipoaspiração e morreu.

Indenização
O juiz determinou que os três condenados devem pagar, juntos, R$ 180 mil por danos materiais (considerando o total que Marisa, morta aos 44 anos, teria recebido trabalhando como professora até os 65 anos).
A indenização por danos morais ficou fixada em quatro vezes o valor determinado por danos materiais, com alguns descontos (como o valor que a filha do casal recebe de pensão pela morte da mãe até completar 25 anos).
Cassoto calcula o total em cerca de R$ 650 mil. Em sua ação judicial, o viúvo havia pedido R$ 2,5 milhões de indenização.
O advogado do anestesista, Oswaldo Pakalmis, disse que vai recorrer da decisão, alegando que o juiz não analisou as provas testemunhais trazidas por ele, mostrando que seu cliente não deixou a paciente sem monitoramento.
O advogado do hospital, Durvalino Picolo, também afirmou que vai entrar com recurso, mas não adiantou seus argumentos. Segundo ele, o hospital foi comprado em 1996 por um grupo que desconhecia a existência dessa ação judicial. Já o cirurgião Mauro Bacigalupo não quis se pronunciar sobre o caso.


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