São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003


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URBANISMO

Cidade pode ganhar 79 áreas de preservação cultural em processo que levou em conta mobilização de moradores vizinhos

Paulistanos elegem "patrimônio afetivo"

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

À primeira vista, é difícil encontrar algo em comum entre o prédio da Faculdade de História e Geografia da USP, no Butantã (zona oeste de São Paulo), a residência da artista plástica Tomie Ohtake, no Campo Belo (zona sul), e a biblioteca municipal do Canindé, no Pari (centro). O que une as três construções é a possibilidade de ganhar status de patrimônio cultural graças ao apoio dos moradores vizinhos.
Os prédios fazem parte de uma lista com 79 áreas de preservação cultural criadas pelos planos diretores regionais das 31 subprefeituras da cidade.
Se os planos não forem alterados pela Câmara Municipal, as edificações ganharão status de Zepec (Zona Especial de Preservação Cultural), instrumento previsto no Plano Diretor para classificar edifícios e conjuntos urbanos sujeitos à preservação, recuperação e manutenção do patrimônio histórico, artístico e arqueológico.

Afetividade
As sugestões de áreas a serem preservadas vieram, na maior parte dos casos, dos próprios moradores dos bairros. Além do valor arquitetônico e histórico dos imóveis, levou-se em conta a relação de afetividade da população com determinados locais.
"Os tombamentos sempre decorreram de listas efetuadas por técnicos e historiadores. Nunca ou raramente imóveis foram tombados por abaixo-assinado de moradores", afirma o arquiteto e urbanista Carlos Lemos, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
O arquiteto aponta como positivo o fato de muitas propostas serem originárias da população dos bairros.
"Não há nenhum mal em preservar uma coisa que tem embasamento no sentimento coletivo. Um bem cultural é aquilo que representa a sociedade, tem que ser uma amostragem da arquitetura urbana", afirma.
Para chegar à listagem final, os técnicos das subprefeituras organizaram e selecionaram as propostas da população, que passaram também por especialistas da Secretaria de Planejamento.
Se aprovadas na Câmara, as propostas serão então levadas ao Conpresp (órgão municipal responsável pela preservação do patrimônio) para abertura do processo de tombamento.

Detalhes
"Procuramos ouvir bastante a população e examinar as propostas apresentadas. Algumas delas trouxeram riqueza de detalhes nas escolhas, com elementos que nós não conhecíamos", conta o responsável pela elaboração do plano diretor da Subprefeitura da Sé, Walter Bellintani.
Mesmo na região da Sé, onde já há uma grande concentração de edificações tombadas, foi proposta a criação de 33 Zepecs, que abrangem espaços como o Convento e a Igreja do Carmo, na rua Martiniano de Carvalho, e o edifício Trussardi, na av. São João.
Existem na cidade, atualmente, cerca de 1.900 imóveis tombados pelo Conpresp e 115 bens tombados pelo Condephaat (órgão estadual responsável pela preservação do patrimônio).

Veja as áreas que podem ser preservadas na http://www.folha.com.br/032271

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